Esse livro agrega um conjunto de ensaios, que propõem uma interpretação do Brasil a partir do conhecimento acumulado na macumba e em outros saberes populares. Existe uma visão mais que religiosa; há um entendimento filosófico, sociológico e histórico de um processo de dominação de um modelo colonial europeu que, como parte do escravismo, tentava liquidar a cultura de negros e indígenas, ou seja, o vínculo de um sentimento de nacionalidade ou grupo étnico. Apesar de uma linguagem técnica, por vezes, o texto se torna quase poético: “As encruzilhadas e suas esquinas são campos de possibilidade, lá a gargalhada debocha e reinventa a vida, o passo enviesado é a astúcia do corpo que dribla a vigilância do pecado.” Neste cenário, de religião brasileira de origem negra descortina uma realidade que sempre foi mais próxima da diversidade, ao que, só agora se achega, a religião original do dominador europeu (“São os catiços (Povo da Rua) que nos orientam a olhar o mundo de viés e gargalhar das limitações e arrogâncias das razões que se pretendem únicas.”).