“Ó doçura da vida: Agonizar a toda a hora sob a pena da morte, em vez de morrer de um só golpe.” (Shakespeare)
Meu pai amava as séries televisivas de ficção. Uma delas tinha um bordão que era algo como: “A última fronteira: o Espaço!” Apesar de criança, sentado ao lado dele, eu achava que essa fronteira era, verdadeiramente, a morte. Morte é uma palavra própria, percebo que algumas pessoas não a falam, só balbuciam. Outras mudam o tom, sibilam ou engasgam quando usam a palavra. Outras nem a citam. Mas sendo pequeno, a morte era algo inexplicável, parecia uma privação terrível e injusta, que fazia-me duvidar da bondade de Deus. A morte era então agonia. Mas deveríamos nos preocupar com o tema ou sublimar? “A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais.” (Epicuro) Com o tempo, na formação católica, sendo perfeccionista e obstinado por coerência, não entendia o desespero com a morte, pois, afinal, seria ela a oportunidade de ver a face de Deus. O que seria mais majestoso a um cristão? Como vir desespero daquilo que era o fim maior almejado pela religião professada? A morte era então dúvida. A adolescência, por motivação política, me exigiu o ateísmo, e a morte passou a ser o ideal heroico do imaginário revolucionário. A morte era, então, romântica. As mortes na família me fizeram conhecer a indústria do sepultamento, e a morte se transformou em mote comercial. Mas, a filosofia me fez dar outra busca interpretativa à morte, quando passei a tentar entender a essência da vida, que não só é perene, mas curta. Entender que, a cada dia, se vive e se morre traz o entendimento de que o aprimoramento, para a vida, também o é para a morte. “Quem não sabe o que é a vida, como poderá saber o que é a morte?” (Confúcio) E como buscar esse aprimoramento? Encontrar a vida boa, que não se confunde com a boa vida! Ouço dizer que a vida é má, que ela é um castigo, que é tão dura que as pessoas tiram-na. Suicídio não tem nada a ver com vida ou morte. Posso dizê-lo, pois, estive na beira do precipício com meu carro, em razão de um grave assédio moral no trabalho. Naquela hora, eu queria findar com um problema. “A morte parece menos terrível quando se está cansado.” (Simone de Beauvoir) Suicidas não acabam com a própria vida, eles acabam com problemas que consideram insanáveis. A morte é decorrência. Trata-se de questão marginal. E aí, com as salvaguardas devidas, meu prezado Nietzsche dizia: “O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.”. Falei da diferença da boa vida e da vida boa. A boa vida é aquela que as pessoas costumam ter em mente como a solução dos seus problemas, e ela envolve carros, casas, dinheiro, joias, grifes, talvez lanchas e aviões. São vidas repletas de satisfação a terceiros, de demonstração de sucesso e bem estar aos outros, mas que, muitas vezes, guardam agonias, tristezas, frustrações e dores não tratadas dentro do indivíduo, que demonstram uma boa vida longe de ter uma vida boa. Acaba tudo em uma ganância viciosa. A vida boa envolve uma harmonia que lhe garante paz e tranquilidade, sensação de plenitude e bem estar, ela pode ocorrer na presença de bens materiais, ou não. Se preparar para a vida boa é se preparar para a morte boa. Freud disse que “se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte”. A morte não me amedronta, a morte não me seduz, a morte não me orienta, … A suposta ameaça de morte não me afastou da obrigação ética de testemunha contra um enredo de corrupção que já denunciara antes. A morte, ou medo respectivo, não me dominam. Ela é um fato a acontecer em um dia que desconheço. Por certo sei que metade da minha vida já vivi. A morte está mais próxima, e esta é a razão para eu buscar com mais intensidade a vida boa. Como amo os clássicos, ainda que em contradição aparente, cito Sêneca: “Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte.” Como católico e umbandista – praticante de ambos, bem como à luz da minha amada filosofia, a morte tem diferente significado, hoje. Nesse novo estágio, a morte é uma consequência da vida, que foi a chance de aprendizado. Só isso! O bom de avaliar a passagem de entendimentos durante esses vários estágios está em reconhecer que houve algum tipo de evolução em mim, no pensamento e no espírito. Saber lidar com a morte é sinal de estar caminhando para a vida boa. Para finalizar, nada como a profundidade dos escritores russos: “O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo.” (Leon Tolstói)
Parabéns pelo texto! Tema complexo que nos remete a várias reflexões…Quando eu era pequena eu fui educada no conceito céu/inferno/purgatório. Os bons, que não davam trabalho, os obedientes seriam levados para o céu. Já os outros não teriam esta sorte! Cresci sabendo que fazia parte dos “outros”. Com o passar dos anos fui entendendo que podemos construir nossa realidade a partir da nossa energia. Atraímos o que se assemelha a nós! Daí venho aprendendo a construir meu “céu”, sem se importar com o que está por vir e o que passou. Felizmente consegui desconstruir algumas crenças e valores que carreguei desde a minha infância!
VIVO A VIDA SEM NUNCA PENSAR NO SEU TÉRMINO!
ACHO QUE VIVER É UMA DÁDIVA DIVINA, QUE TEMOS QUE APROVEITAR CULTIVANDO TUDO QUE NOS LEVA A DEUS !
AMAR AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO!!!
Teu texto envolve o tema que mais me assombra. Fui apresentada a ela muito cedo e até hoje Carrego o pavor que senti Naquele dia. Preciso evoluir muito para, Quem sabe um dia, conseguir tratar De frente do que é inexorável. Parabéns pelo estágio que você se encontra.
A filosofia é sempre um caminho para o entendimento da essência do homem, o que inclui sua perenidade. Obrigado por nos acompanhar e continue; seus comentários são engrandecedores para o projeto.
Parabéns pelo texto! Tema complexo que nos remete a várias reflexões…Quando eu era pequena eu fui educada no conceito céu/inferno/purgatório. Os bons, que não davam trabalho, os obedientes seriam levados para o céu. Já os outros não teriam esta sorte! Cresci sabendo que fazia parte dos “outros”. Com o passar dos anos fui entendendo que podemos construir nossa realidade a partir da nossa energia. Atraímos o que se assemelha a nós! Daí venho aprendendo a construir meu “céu”, sem se importar com o que está por vir e o que passou. Felizmente consegui desconstruir algumas crenças e valores que carreguei desde a minha infância!
Refletir e reconstruir esse o caminho da vida boa. Obrigado por nos acompanhar e continue; seus comentários são engrandecedores para o projeto.
VIVO A VIDA SEM NUNCA PENSAR NO SEU TÉRMINO!
ACHO QUE VIVER É UMA DÁDIVA DIVINA, QUE TEMOS QUE APROVEITAR CULTIVANDO TUDO QUE NOS LEVA A DEUS !
AMAR AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO!!!
Obrigado por nos acompanhar e continue; seus comentários são engrandecedores para o projeto.
Deu leveza ao tema
Complexo e proibitivo que é a morte.
Obrigado por nos acompanhar e continue; seus comentários são engrandecedores para o projeto.
Teu texto envolve o tema que mais me assombra. Fui apresentada a ela muito cedo e até hoje Carrego o pavor que senti Naquele dia. Preciso evoluir muito para, Quem sabe um dia, conseguir tratar De frente do que é inexorável. Parabéns pelo estágio que você se encontra.
A filosofia é sempre um caminho para o entendimento da essência do homem, o que inclui sua perenidade. Obrigado por nos acompanhar e continue; seus comentários são engrandecedores para o projeto.