Penso em um retrato falado
da pessoa que vejo…
O olhar para o infinito, que
finito se faz,
quando não consegue ver nada nem ninguém,
além de si mesmo.
Silenciosamente, a boca murmura palavras ao vento
e o sorriso se esconde na escuridão dos pensamentos;
o nariz sorve ainda o perfume esquecido da noite,
que já passou, e
as orelhas tentam ouvir palavras, sons e canções,
em um barulho ensurdecedor e mudo:
já a testa baila em franzimentos constantes e indagadores,
acompanhada pelas sobrancelhas negras e irrequietas.
Tento mais alguns detalhes, para este retrato falado,
porém não consigo.
As lentes dos óculos mal conseguem ver,
pois embaçadas estão pelas lágrimas que caem…
E, então, percebo que o retrato falado a ser desenhado
se reflete no espelho,
por onde olho, te esperando,
mesmo sabendo que não vais chegar!!
Autoria: Waldir José Machado
Foto: Dean Shareski
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