A inveja é um sentimento ruim, que sempre foi condenado seja pelo judaísmo seja pelo cristianismo. A palavra tem origem latina (“invidea”), ou seja, “olhar contra”. Também pode significar “olhar torto” de onde teria defluído o termo “olho gordo”. Biblicamente, a inveja é vista como pecado grave e perigoso. Por ser uma das obras da carne e diante do seu alcance, ela é considerada um pecado de ordem social. A inveja vai se caracterizar como um olhar malicioso para alguém por causa do que a pessoa é ou possui. No velho testamento, o termo hebraico utilizado para inveja (gin’ah) comporta uma intensidade emocional, e por vezes se confunde com ciúme, sendo certo que ciúme e inveja são sentimentos bem distintos. Todavia, no novo testamento o termo utilizado é distinto, deixando o hebraico e focando no grego (“phthonos”). A expressão grega contém em si as características de algo destrutivo, fazendo que a inveja seja um sentimento que leva alguém a consumir-se. Pela Bíblia, o primeiro ato de inveja foi a “Queda do Homem”, quando Adão e Eva, invejando a Deus, comeram o fruto da árvore proibida. E o homem não parou mais, seja pelo assassinato de Abel, na venda de José pelos irmãos, na rebelião de Corá, Datã e Abirão na peregrinação pelo deserto, na perseguição por Saul a Davi, … , e isso só para exemplificar exclusivamente no Velho Testamento. Salomão ensina que “o coração com saúde é a vida da carne, mas a inveja é a podridão dos ossos”. Lembre-se da passagem do sacerdote Asafe que se torna servo da inveja ao ímpio, que realizaria todos os seus desejos por não temer ou se subordinar a Deus. Mas Asafe se regenera e volta à verdade, que deve ser o grande pilar de qualquer Igreja. No Novo Testamento, o exemplo mais claro sobre a inveja está na denominada Parábola do Filho Pródigo, ainda que muitos concordem com o ato do irmão que não se alegrou com a restauração de seu irmão e não soube desfrutar da presença do próprio pai. E, claramente, a inveja nutri e estimula os líderes judeus nas acusações contra Jesus e razão de sua crucificação. A inveja, parafraseando William Hendriksen, é um vício destrutivo da alma. O invejoso nunca para, ele se vicia em tal sentimento e nele se consome. A Bíblia como um texto de princípios e orientação de comportamentos determina que os cristãos digam não à inveja. Quem inveja não está regenerado no sangue do cordeiro e traz risco à unidade cristã apregoada por Jesus e pela sua Igreja. São Tiago leciona: “… Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa.”. Hoje, vemos diversas pessoas, que se intitulam cristãs rompendo os limites da verdade e, por inveja, fazendo atrocidades nas redes sociais e internet. Se valem do nome de Deus em tais atos, esquecendo que seu uso não deve ser em vão. Se cumulam e acumulam os pecados! São Paulo diz que se não queremos ser invejosos, devemos começar por termos satisfação em Deus. Jesus nos oferece, nas Bem-aventuranças, caminhos para combater a inveja. E por estas, resta claro que Deus está mais atento às motivações dos comportamentos que aos comportamentos em si mesmos – prevalece o interior sob o exterior. Portanto, Deus está preocupado com o caráter de cada indivíduo. Essa análise traz, por conseguinte, um importante corolário sobre o amor ágape. O grande elemento segregador dos homens não pode ser a etnia, o patrimônio, a instrução, a opção sexual, …, pois, admitido o perdão divino, o grande problema do homem está no caráter. Em assim sendo, sempre que alguém usar o nome de Deus, tenha a cautela de buscar o conhecimento dos seus atos e, mais ainda, a motivação deles. Assim, se identifica o caráter, fator primordial. Descobriremos, então, que muitos “homens de Deus” estão bem longe Dele.