Era uma vez um lugar, onde as pessoas viviam, em grande parte, na escuridão. Ou lhes fora negada a educação ou não a buscaram por crerem em valores materiais mais populares. Dentre os demais, se instalou uma preguiça mental, onde ficou perdido o senso crítico. Mas, apesar deste quadro, as pessoas consumiam informação, toda e qualquer informação. Elas viviam em seus computadores, celulares, tablets, …, consumindo informação pela internet. Havia informação para tudo, e repassavam-nas. Todavia, elas, por incapacidade ou preguiça, não filtravam essas informações. Pouco lhes importavam a veracidade delas. Não por outro motivo, esse lugar logo se transformou no país das “fakenews”. E assim, as pessoas, há muito cansadas de uma classe política corrupta – por ela continuamente eleita, resolveram votar em um candidato de discurso populista, mas cuja conduta histórica não divergia de quem ele atacava. E foi esse erro que levou um tirano ao poder. Um homem sem escrúpulos, empatia, misericórdia, amor, … Um homem que falava em Cristo sem ser capaz de seguir qualquer ensinamento do filho de Deus. Um homem capaz de trair qualquer um, esquecendo que até entre os bandidos há um certo código de honra. E, assim, o país caiu nas mãos de um homem mau. Ele não era um louco; ele era o mal. Como não poderia deixar de ser, ele com palavras de ódio deu voz aos maus, tirou das sombras os monstros e destruiu a tolerância, o respeito e a justiça. O mais grave foi o silêncio dos bons, que, apesar de maioria, permitiram que o ódio ecoasse mais forte, trazendo destruição, maledicência, mentira, preconceito, … O ódio com a mentira fez com que aquele povo acreditasse que nada era bom. Mas o discurso que prega o ruim não oferece o caminho do bem, como deveria fazê-lo. O mal só vive pelo e para o mal. E foi assim que as pessoas passaram a pregar o fim de tudo, mas sem proposta de algo novo e melhor. E se valendo disso o tirano jogou a população contra os tribunais e legisladores, contra os jornalistas e escritores, … E quando a população desconsiderando tudo aceitou que a Constituição de nada valia, o tirano pode fazer o que bem lhe quis. Sem a Constituição, o tirano podia prender quem bem entendesse: atacar qualquer um, estabelecer preconceitos e desigualdades, tomar propriedades, beneficiar grupos de seu interesse, abocanhar o dinheiro público, … E já não havia a quem reclamar, pois sem a Constituição os tribunais nada podiam, os legisladores de nada valiam, os jornalistas estavam amordaçados. E somente aí a população, por sentir na pele, entendeu que não era livre, estava indefesa e escravizada sob as mãos e os pés do tirano. E o tirano alegava que tudo podia, pois fora eleito e rasgara a Constituição por desejo da população. Já não havia um país, mas um presídio. Não havia mais uma nação e somente uma senzala. E agora tudo já se perdera. Liberdade novamente? Já não sabem se e quando.