“O trabalho espanta os vícios que derivam do ócio.” (Sêneca)
Provavelmente, e desde criança, você ouve repetidamente que o trabalho dignifica o homem dentro de uma corruptela da famosa frase de Karl Marx. Apesar de uma certa busca para se dar importância e estimular ao trabalho (“A condição essencial para a felicidade é ser humano e dedicado ao trabalho.” – Léon Tolstoi), existem lá algumas dúvidas. Lembremos, para início de conversa, da Bíblia, pois quando o homem foi criado e vivia no Paraíso, ele não precisava trabalhar. O trabalho veio como castigo com a maldita maçã da fraca Eva. Então trabalho é castigo divino?! A mesma história, vemos no fim da Era de Ouro dos gregos, quando Pandora, abriu a caixa que deveria manter guardada. Essa caixa continha todas as desgraças do mundo (exceto pelo dom da esperança), e não deveria ser aberta. Ela foi e a abriu! Teve o homem que trabalhar. Castigo! Piadas à parte, essa visão poderia ser boa justificativa para quem não gosta de trabalhar ou que tem esperança de que venha mais um feriadão em breve. Voltaire dizia que “o trabalho poupa-nos de três grandes males: tédio, vício e necessidade.” Talvez!? Em países escravocratas principalmente, os de origem inglesa, portuguesa e espanhola, o trabalho foi vinculado à ideia de algo inferior, destinado a certas etnias, ímpios ou castas consideradas inferiores pelo poder dominante. E isso deixa reflexos até hoje. Mesmo o abolicionista Abraham Lincoln possui uma frase dúbia a respeito: “O meu pai ensinou-me a trabalhar; não me ensinou a amar o trabalho.” O advento do capitalismo fez necessária a mudança de cenário e gerou um efeito psicológico em relação ao trabalho. Afinal, o lucro está diretamente ligado à exploração da mão-de-obra. A nova ordem econômica chega a deturpar a colocação histórica de determinadas frases (prática comum no exercício dos diferentes modelos econômicos), para valer-se delas, como aquela de Sêneca: “O trabalho é o alimento das almas nobres.”. Mas o capitalismo mordaz, desumano e de duvidosa ética, implantado principalmente em países pobres ou de exploração das massas, na realidade fez valer a frase de Aristóteles: “Para nos mantermos bem é necessário comer pouco e trabalhar muito.”. Pois é, bela justificativa para a falta de garantias e direitos ao trabalhador, salário de fome, negativa de dignidade humana, subvida,… “A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado.” (George Bernard Shaw). E agora já não basta incutir a importância do trabalho nas mentes, mas deve existir a competição e a supremacia sobre o colega de trabalho; a dedicação acima de tudo como prova de compromisso, eficiência, sucesso e mérito. E isso não se iniciou há pouco, razão pela qual o niilismo, no processo de ruptura dos valores vigentes, se faz presente pelo questionamento de Nietzsche (“Todos vós, que amais o trabalho desenfreado (…), o vosso labor é maldição e desejo de esquecerdes quem sois.”). Há que se ter o equilíbrio de que fala Anselm Grün ou o entendimento de Rohden, sobre como os opostos (trabalho e ócio) são diferentes, mas parte do mesmo todo. Não há lugar para radicalismo, seja o de Mark Twain (“Não gosto de trabalho, nem quando é outro a fazê-lo.“), seja o de Dale Carnegie (“A melhor maneira de nos prepararmos para o futuro é concentrar toda a imaginação e entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje.”). Prefiro os aconselhamentos de Confúcio, ao sugerir: “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.”. Ou seja, o trabalho é um meio de vida que envolve valores para subsistência, mas também deve ser prazer que alegra a alma. Nada mais triste do que, ganhando bem, ou mal, nos arrastarmos em uma rotina de sofrimento, assumida ou não, pelos anos rápidos de nossa vida. Quero ter a visão de Thiago de Mello, ao lecionar que “o seu trabalho não é a pena que paga por ser homem, mas um modo de amar e de ajudar o mundo a ser melhor”.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Sêneca, Marx, Tolstoi, Voltaire, Lincoln,Aristóteles, G B Shaw, Nietzsche, Grün, Rohden, Mark Twain, Dale Carnegie, Confúcio, Thiago de Mello
graças muito por compartilhar esta escrita notável com a gente.
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