“Temos que falar sobre libertar mentes tanto quanto sobre libertar a sociedade.” (Angela Davis)
Há algo que sempre me foi uma dúvida! Nunca entendi se havia um problema comigo ou com os outros. Sendo direto no assunto: Eu nunca tive ídolos! Sei que pode parecer estranho, mas é verdade. Talvez eu seja estranho mesmo! Admiro diversos escritores, pensadores, personagens históricos, artistas, atletas,… Mas, sem idolatrar ninguém. Talvez isso ocorra pela minha absoluta crença de que todos somos iguais, seja sob a ótica filosófica, religiosa ou legal. Não acredito na diversidade segregando pessoas; entendo as diferenças como aspectos individuais de seres que são, ontologicamente, iguais em direitos e obrigações. Vejo com estranheza a idolatria. Alguns amigos, sub-repticiamente homofóbicos, veneram jogadores de futebol de forma que juro acreditar que se entregariam, até sexualmente, a eles. Esse povo gritando em portas de hotéis e camarins, além de cafona, me soa ridículo. Essa mitificação de políticos não fica só no grotesco, parece, ainda, uma farsa bufa. Algo que foi retratado tão bem por Molière. Aliás, o velho francês era hábil com as palavras: “Facilmente nos deixamos enganar por aquilo que amamos.” Desculpem-me, se ofendo alguém, mas, como de hábito, estou sendo sincero! Além disso, muitas vezes, as pessoas estão longe de serem aquilo que elas aparentam e o que acaba sendo o objeto idolatrado pelos outros. Uma das mulheres mais belas do mundo, e ícone cinematográfico, Rita Hayworth, se lamentava ao dizer que “todos os homens que já tive foram para a cama com Gilda – e acordaram comigo”, referindo-se à personagem que a consagrou na década de 1940. Algumas pessoas sequer se consideram aptas ao posto de ídolo, ainda que idolatradas, como no caso do piloto Ayrton Senna que dizia: “Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência.” Ele falava de meritocracia, e entendo bem isso, pois minha admiração envolve este mesmo parâmetro. Minha admiração além dos motivos citados por ele também envolve caráter e consequentemente ética. E aqui estão generosidade, caridade, respeito ao próximo, … Não consigo admitir que haja idolatria a quem entende outro ser humano de forma inferior a si mesmo. Como idolatrar alguém sem caráter? Mas acontece! Há famosos casos de idolatria a criminosos, o que é muito comum nos Estados Unidos. Aliás, aqui também, quando vemos as defesas desarrazoadas a diversos políticos. Mas até compreendo essas defesas, pois, nas palavras de Flaubert, “não é bom tocar nos ídolos; o dourado pode sair nas nossas mãos”. Novamente, o idolatrado não é real, mas uma projeção de figura para, e que passa a, ser idolatrada. A idolatria traz uma certa escravidão, pois ela afasta o livre arbítrio e faz com que a mente se feche e viva no obscuro lugar da verdade absoluta e única – o dogma. Isso é tão grave que alguns idólatras, pela aproximação, reconhecimento, queda ou morte do ídolo, fazem besteiras diversas. “A superstição transforma a divindade em ídolo, e o idólatra é muito mais perigoso, pois é um fanático.” (Johann Herder) Podemos lembrar de um atentado presidencial nos Estados Unidos, onde o criminoso queria chamar atenção de uma atriz a quem idolatrava. Também temos a morte de John Lennon. E, aí, temos o outro lado da questão. Só deve desejar a idolatria alguém que possua graves problemas de identidade. Vejam as dificuldades narradas com o problema de assédio por pessoas como Lady Di, que teve sua morte fruto desse tipo de conduta. Ela disse: “Gosto de ser um espírito livre. Alguns não gostam disso, mas esse é o jeito que eu sou.” Por vezes, a idolatria será contrária a vontade do ídolo, cabendo a ele bem tratar o assunto. A roqueira Pitty lembra que “se hoje eu sou um ídolo, eu não sou um ídolo de ferro, sou um ídolo de carne, osso e coração.” Nesse mundo complexo, todos somos engrenagens insubstituíveis, e assim somos todos iguais e temos valor. Vamos admirar aqueles que eficientemente cumprem seus papéis, quais sejam eles, e que, muitas vezes, os extrapolam, com caridade, trabalhos sociais, … Mas, nada de idolatria! Esta coisa de idolatria continua não me parecendo normal. Bem verdade que gera um excelente comércio de produtos inimagináveis com lucros fabulosos para alguém. Como já dizia Amauri Valim: “A idolatria é um produto da fé competitiva, assim como o fanatismo tornam cidadãos medíocres”.
Autoria: Fernando SáAutores citados: Angela Davis, Molière, Rita Hayworth, Ayrton Senna, Flaubert, Princesa Diana de Gales, Johann Herder, Pitty, Amauri Valim
Texto fabuloso e atual – como sempre você nos leva rapidamente à reflexão, que faz viajar pela história e deparar com várias situações de como as reputações dos “escolhidos” pouco influenciam nessa doença chamada idolatria,que nada mais faz do que exaltar muitos medíocres, diante de uma sociedade carente e egoísta, que busca todo tempo saciar o seu desejo de criar/ agarrar ídolos- mesmo com pés de barro-que mal se sustentam, mas que são as verdadeiras âncoras utilizadas pelo poder dominante junto com a Mídia para manipular a opinião Pública e dessa forma neutralizar avanços na direção da melhoria das condições de vida da população em geral.
Parabéns!
ASSIM COMO VOCÊ, NUNCA IDOLOTREI NINGUÉM!
NÃO OBSTANTE , TENHA ADMIRADO PESSOAS CUJA INTEGRIDADE E GENEROSIDADE, ME IMPRESSIONARAM
ACHO QUE PESSOAS MAIS FRACAS TENHAM FACILIDADE EM IDOLATRAR !
SEU SENSO CRÍTICO É MENOR !
EXCELENTE ESCOLHA DO TEMA ABORDADO
Foi direto ao ponto. Sou desprovido de apreço pela idolatria porque mesmo com o criador creio em um relacionamento de amor e não uma longínqua devoção impessoal. É na reflexão de quão desnecessária e cruel pode ser essa idolatria para ambas as partes que podemos chegar a admiração sincera e uma conduta que consiga com nossas crenças e valores. Esse para mim é o pior aspecto da idolatria. Querem demais o ídolo mas não fazem nada para seguirem seus valores e princípios. Na verdade tem o ídolo como amuleto, moleza para aguentar a vida. Na beleza de Gisele Bündchen repousa minha frustração com a estética e a ganância de um erotismo disfuncional. E consumida seria como ter o “Poder” se toda aquela beleza no meu ventre. Mas até o povo Antropófago acredita que esse poder só está com a pessoa que o ingere até a próxima Evacuação, ou seja fico aqui imaginando que a idolatria também pode ser apenas uma forma de consumo.
Obrigado pelo presente!
Texto fabuloso e atual – como sempre você nos leva rapidamente à reflexão, que faz viajar pela história e deparar com várias situações de como as reputações dos “escolhidos” pouco influenciam nessa doença chamada idolatria,que nada mais faz do que exaltar muitos medíocres, diante de uma sociedade carente e egoísta, que busca todo tempo saciar o seu desejo de criar/ agarrar ídolos- mesmo com pés de barro-que mal se sustentam, mas que são as verdadeiras âncoras utilizadas pelo poder dominante junto com a Mídia para manipular a opinião Pública e dessa forma neutralizar avanços na direção da melhoria das condições de vida da população em geral.
Parabéns!
Francisco, obrigado por seu comentário. Levaremos seu elogio ao autor. Continue nos acompanhando no OmnisVersa. Isso muito nos honra.
ASSIM COMO VOCÊ, NUNCA IDOLOTREI NINGUÉM!
NÃO OBSTANTE , TENHA ADMIRADO PESSOAS CUJA INTEGRIDADE E GENEROSIDADE, ME IMPRESSIONARAM
ACHO QUE PESSOAS MAIS FRACAS TENHAM FACILIDADE EM IDOLATRAR !
SEU SENSO CRÍTICO É MENOR !
EXCELENTE ESCOLHA DO TEMA ABORDADO
Obrigado por seu comentário, Maria. Continue nos acompanhando. Isso muito nos honra.
Foi direto ao ponto. Sou desprovido de apreço pela idolatria porque mesmo com o criador creio em um relacionamento de amor e não uma longínqua devoção impessoal. É na reflexão de quão desnecessária e cruel pode ser essa idolatria para ambas as partes que podemos chegar a admiração sincera e uma conduta que consiga com nossas crenças e valores. Esse para mim é o pior aspecto da idolatria. Querem demais o ídolo mas não fazem nada para seguirem seus valores e princípios. Na verdade tem o ídolo como amuleto, moleza para aguentar a vida. Na beleza de Gisele Bündchen repousa minha frustração com a estética e a ganância de um erotismo disfuncional. E consumida seria como ter o “Poder” se toda aquela beleza no meu ventre. Mas até o povo Antropófago acredita que esse poder só está com a pessoa que o ingere até a próxima Evacuação, ou seja fico aqui imaginando que a idolatria também pode ser apenas uma forma de consumo.
Obrigado pelo comentário, Alessandro. Continue conosco, caro colaborador.