Sêneca foi um advogado e político romano, que viveu todo o tipo de sorte e reveses possíveis numa época em que, o exercício do poder, no Império Romano, se tornara sinônimo de atos de desequilíbrio individual com os reflexos sociais mais diversos. Sêneca acaba por se superar enquanto filósofo estoico, que, ao entender que: “o que tem qualidade é do mundo”, cita abertamente ensinamentos de Epicuro, nesta obra. Acusado por ferir princípios do estoicismo quando defendeu junto ao Senado Romano, o assassinato de Agripina por seu filho Nero (de quem Sêneca foi preceptor), acabou sendo condenado ao suicídio de dolorosa execução pelo mesmo Imperador. A obra é composta de cartas enviadas por ele a Lucílio (pessoa de duvidosa existência), pode na realidade ter sido a criação de um pretenso diálogo (forma de exposição filosófica comum à época) como meio de apresentar suas reflexões e ideias. Os assuntos tratados nas cartas se mostram de absurda atualidade, ainda que passados quase dois mil anos de sua escrita. As questões existenciais do homem parecem ser as mesmas independente do curso do tempo. Como estoico, para Sêneca, viver e aprender a viver bem também significa morrer e aprender a morrer bem, pois, a cada dia, ao se viver se está a morrer. Como disse Humberto Eco: se mudaram arquitetura e vestuário, no tempo, na essência o homem continua o mesmo.