“Quem poderá deter o instante que não para de morrer?” (Sophia de Mello Breyner Andresen) O instante que é presente morre se tornando passado. O instante nunca será futuro. Portanto, deter o instante é controlar o tempo. Seria o tempo realmente passado, presente e futuro? Os gregos, em relação ao passado diziam que a palavra “nostalgia” teria três significados, mas nenhuma se prestava a coisa alguma. Por seu lado, Einstein foi enfático: “a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.” Essa é uma posição muito interessante sob a ótica da física quântica, pois os clássicos pensadores mantêm entendimentos muito homogêneos, como mostram as seguintes lições: (i) “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” – Dalai Lama,
(ii) “O presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação.” – Simone de Beauvoir,
(iii) “Não há, na arte, nem passado nem futuro. A arte que não estiver no presente jamais será arte.” – Pablo Picasso, e (iv) “Me dei conta de que o passado e o futuro são ilusões reais.” – Alan Watts. Gosto mais da visão poética de Fernando Pessoa: “O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.” Voltando aos clássicos, segundo Sêneca, quem vive no passado ou no futuro deixa de viver. Quem se amarra ao passado vive a nostalgia, na qual os gregos não viam valor pela imutabilidade do já ocorrido. Por outro lado, quem vive o futuro, vive o que não chegou e que pode ser frustração quando chegar. Ou seja, vive as tristes paixões de Spinoza. Portanto, o ideal seria viver o presente onde tudo acontece. Viver aquilo que Marcus Aurelius chamava de “amor fati “. E viver o presente, hoje, é mudar os conceitos. Está perdido o “mundo técnico” de Heiddegger. Precisamos fugir da desconstrução niilista de Nietzche, para o construtivismo de um estado de espírito, não como o de Hegel, mas com um foco além da dialética, talvez no contexto do modo de saber de Lupasco, pelo momento da pandemia (pan=mundo) e o inegável princípio da aglomeração quântica. Esse é um tempo de aprender com velhas lições, mas usando um modo de saber “extramoderno”, pois, será que o tempo é real? Se olharmos a visão de Lupasco, o que o diferirá da visão de Hegel (dialética), é que não existe o conceito do “ato sequencial.”. No terceiro incluído, tudo é concomitante. A quebra do conceito do tempo mudaria a humanidade pois poderíamos seguir, de forma inteligente, com mais facilidade, a lição de Arthur Schopenhauer (“As pessoas comuns pensam apenas como passar o tempo. Uma pessoa inteligente tenta usar o tempo.”). Minha poetisa portuguesa preferida (Sophia de Mello Breyner Andresen) se pergunta sobre quem pode parar o tempo. Talvez os físicos quânticos ofereçam essa resposta um dia, por enquanto só os super-heróis.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Sophia de Mello Breyner Andresen, Albert Einstein, Dalai Lama, Simone de Beauvoir, Pablo Picasso, Alan Watts, Fernando Pessoa, Stéphane Lupasco, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Arthur Schopenhauer, Sêneca, Baruch Spinoza, Heidegger, Nietzsche, Marcus Aurelius
Sim. A ideia é estabelecer um processo de reflexao, de busca de conhecimento e sobretudo de permitir uma discusssão inteligente e de bom nivel intelectual e moral.
Belíssimo o texto…
Parabéns…
Me tira uma dúvida para mim…
Posso postar nos comentários de vcs as minhas reflexão?
Sim. A ideia é estabelecer um processo de reflexao, de busca de conhecimento e sobretudo de permitir uma discusssão inteligente e de bom nivel intelectual e moral.
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