“A Amizade é um amor que nunca morre”. (Mário Quintana)
Recentemente, navegando no Instagram, me deparei com a seguinte frase do jornalista e crítico de arte Italiano Ugo Ojetti: “Cuidado para não chamar de inteligentes apenas aqueles que pensam como você”. Verdade que ele foi uma das mais influentes pessoas do período fascista da pátria de Dante Alighieri mas, fascismos a parte, não deve ser ignorado, e a prova disso é este pensamento, que tem conteúdo para uma tese de mestrado. Por descuido ou soberba, temos uma tendência natural de contrariar Ojetti. No entanto, a prudência e a capacidade crítica precisam prevalecer. A grande questão é que, quando questionamos a inteligência de um interlocutor, baseado apenas em discordância de visões e pensamentos, nos sujeitamos a uma de duas situações: 1) Se houver algo de útil naquela abordagem, perdemos a oportunidade de melhorar; 2) Se o pensamento por ela defendido for extremamente nocivo, subestimar a inteligência de nosso interlocutor dá a ele uma vantagem sobre nós. Sejamos sinceros, sendo bem isento, ambas são muito ruins. Levei estas considerações a um amigo de longa data e passamos um bom tempo debatendo. Ao final, ele me brindou com sua conclusão de que “a sobrevivência torna-se mais complexa e deve passar por tangenciarmos essas duas situações e sairmos delas mais sábios do que quando entramos – e esse é o segredo do bem viver”. Curioso aquele termo final, “bem viver” … ele acabou por me remeter a outra conversa que tive, esta com minha esposa, sobre uma postagem do @chicofelitti no Instagram, falando sobre a Geração Z, sua busca do bem-estar próprio e sua razoável falta de engajamento com as empresas em que trabalham. Discutimos sobre como atualmente essa geração demanda serviços tais como Nutricionista, “personal trainer”, “personal Stylist”, “Influencers”, psicólogos, coaching, tinder, etc. Na verdade, eles buscam tanta ajuda para lidar com sua realidade e eventualmente resolver seus problemas que praticamente “Terceirizaram o ato de viver”, entendendo neste contexto o “viver” como o ato de atravessar a vida ultrapassando os obstáculos que ela nos apresenta (“O que importa é o caminho e não o destino”). Ao fazer isso, essa geração corre o risco de sempre procurar um culpado, que não serão eles próprios, por sua situação conjuntural. Talvez essa nova forma de enfrentar a vida traga um alívio aparente nas responsabilidades, mas com certeza é mais um ingrediente a corroer as relações, que seguem cada vez mais superficiais. Isso acaba acontecendo porque, no passado “pré Redes Sociais”, eram nossos amigos que faziam esse papel. Na falta deles, terceirizamos relações e o ato de viver. Acredito que isso contribui para a perda da empatia, da vida social e, por extensão, da sociedade. E isso é preocupante pois, sem sociedade, não há humanidade. Afinal, como dizia Aristóteles “O ser humano é um animal Social”. Muitos podem rotular este pensamento como alarmista, lembrando a máxima de Einstein de que tudo é relativo. Concordo em parte com eles… afinal de contas, quando alguém diz que a vida “tá osso” dispara em minha mente uma mensagem bem pessimista, muito diferente da visão que traria ao meu cachorro Caramelo, para quem uma vida “osso” seria tudo de bom. Curioso! Refletindo um pouco mais, e relendo o que escrevi, percebo que, por vias tortas, acabei dando forma a visão de Amor Líquido do filósofo Zygmunt Bauman, … mas isso é papo para outra oportunidade.