TRANSFERÊNCIA DE AMOR E ASSUNÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Tive a prazerosa e emocionante oportunidade de assistir um documentário sobre o falecido Paulo Gustavo. Reconhecia o excelente comediante, ator e cantor em Paulo Gustavo, mas o documentário me trouxe uma outra dimensão da pessoa/cidadão que ele era, e que julgo ainda até mais importante que sua brilhante obra. Não sou dado a acompanhar ou “seguir”, como hoje se diz, a vida das pessoas. Aliás, geralmente, quando amigos citam algum famoso ou célebre, fico olhando com minha cara de paisagem. Não tenho ícones ou ídolos ou influenciadores, salvo alguns filósofos. Dois pontos me chamaram bastante atenção em Paulo Gustavo, no documentário. O primeiro era sua capacidade de transferir amor. Suas ligações familiares, seu casamento, a paixão pelos filhos e a disponibilidade para com os amigos e todos dão uma clara prova disso. No documentário, como já vira em outras entrevistas, fica clara a dor da perda pelos amigos. Não são choros piegas, mas sinal de um luto real. Você entende o quanto Paulo Gustavo era parte da essência daquelas pessoas; algo mais profundo que mera convivência. Me lembrei da lição de Niklaus Mikaelson de que “mais difícil é o processo pra ficar inteiro novamente”. Saber se entregar, ser parte, proteger cuidar, ser duro e amoroso, contribuir, se fazer sincero e respeitoso, dentre outras, são características da transferência de amor em qualquer relacionamento. O exemplo dele nos faz refletir o quanto nós efetivamente transferimos amor nas nossas relações, e o quanto isso representa para uma vida íntegra, completa e humana. Em um segundo aspecto, me chamou atenção o cidadão Paulo Gustavo. Não falo aqui do indivíduo exemplar que ajuda pessoas em necessidade ou melhora as condições de vidas do próximo. Isso se mostra lá e tem importância, mas o que me toca é o como ele enxergava seus atos como políticos, sem necessidade de partidarismos e ativismos deslumbrados. É marcante essa característica de assunção de uma responsabilidade política, quando ele fala do seu casamento. Pessoas como ele permitem uma efetiva evolução social. Essa responsabilidade política, que Paulo Gustavo assumia, deveria ser comum às pessoas que,como ele, chegam e impactam na população. O documentário de final triste, pela perda do comediante em situação tão trágica, apesar de cenas hilárias, destila poesia. Gostaria muito que essas dimensões do talentoso Paulo Gustavo fossem reconhecidas e incorporadas pelas pessoas, que muitas vezes somente atentam para seu excelente trabalho. Infelizmente os bons exemplos se perdem mais e mais, e, às vezes, o que resta e se valoriza é tão medíocre. Lacrimejei com o documentário como não costuma acontecer comigo.