INCONSCIENTE E RESPONSABILIDADE: PSICANÁLISE DO SÉCULO XXI
Em tempos de achar culpados e fugir da responsabilidade, este é um livro que aguça o entendimento desse mundo estranho que se transmutou. A clareza e sapiência de Jorge Forbes inspiram. “[…] O inconsciente do qual vamos tratar é aquele que leva o ser falante a responsabilizar-se pela invenção de seu estilo singular de usufruir de seu corpo e de sua vida. No discurso da psicanálise difundida nos meios de comunicação, responsabilidade e inconsciente não são termos que aparecem conjugados, chegando a ser considerados excludentes. Assim, a responsabilidade estaria associada à consciência plena e onde houvesse inconsciência não poderia haver responsabilidade. Diante de um ato que cometeu – voluntária ou involuntariamente – e sobre o qual estranha a própria participação, é comum a pessoa dizer: ?Só se foi o meu inconsciente?. No século xxi, o psicanalista que acredita no inconsciente irresponsável não trata o sintoma e não cura. É urgente considerar a responsabilidade pelo que é inconsciente, pois já não podemos mais contar com as ficções – tais como a do mito paterno – que, até o século passado, nos permitiam escapar, dizendo: ?Foi por causa de papai?. Também a clínica psicanalítica, por essas mesmas razões, atravessa um novo momento.“