“A questão não é atingir a perfeição, mas sim a totalidade.” (Carl Jung)
O mundo moderno gera as mais diversas pressões sobre o homem. Elas podem ter origens diversas (econômicas, sociais, familiares, psíquicas, …), mas todas trazem, na maioria das vezes, uma consequência comum, qual seja: a fragmentação do homem. Carl Jung ao desenvolver a denominada “psicologia analítica”, se dedicou à importância da psique individual e sua busca pela totalidade. Talvez poucos tenham entendido tão bem como ele a fragmentação do homem, no ocidente, dentro dos tempos modernos. Também na filosofia esse assunto despertou curiosidade, e podemos lembrar Ernst Fischer, para quem a “arte pode levar o homem de um estado de fragmentação a um estado de ser íntegro, total”. Hegel ensina que o “verdadeiro é o todo”. No aspecto espiritual ou religioso, este sempre foi um ponto importante. Anselm Grün fala da completude que seria um estado de unidade do homem com Deus, de forma que no seu interior mais profundo a alma evolui. Os orientais sempre tiveram preocupação com essa completude, em oposição à fragmentação, e cujo alcance se dá, na maioria das vezes, pela respiração e meditação. Podemos lembrar aqui a “Lei do Uno” (Material Ra) tão bem explorada por Scott Mandelker, que combinou a psicologia ocidental e as religiões orientais, mediante um longo treinamento formal nos EUA e nos templos budistas asiáticos, mais precisamente nas tradições Zen japonesa e tailandesa Theravada. “Bodhisattva” significa um nível de iluminação onde se completam sabedoria e compaixão (RA – Eu Superior). É exatamente o que RA quer dizer quando trata sobre o Eu Superior, o 6º chakra, a 6ª densidade. Esse equilíbrio perfeito de amor e sabedoria é o Eu Superior, ou seja, a 6ª. densidade. O Eu Superior pode ser traduzido na seguinte premissa: “conheça a si mesmo, aceite a si mesmo, torne-se o Criador”. Eu só conheço a mim mesmo pela sabedoria e só me aceito pelos ensinamentos do amor. Aceitação vem pelo coração e acolhimento incondicional de minhas experiências pessoais. Nessa hora, você se torna o Criador. Ou seja, você está em completude como ser maior. Voltando a Jung, “sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração”, pois “quem olha para fora, sonha”, enquanto que “quem olha para dentro, acorda”. O despertar budista se confunde com a evolução da alma cristã. Quando se estuda, verificamos que tudo tende a ser igual a partir de olhares e caminhos diferentes, e essa é a razão pela qual devemos respeitar a diversidade. Preconceito é só ignorância. Mandelker, sabiamente, lembra que “as abordagens cristã e budista são bem diferentes, embora o essencial seja o mesmo”. Seja em Efésios, Coríntios, Filipenses, Romanos ou nas palavras de São João Evangelista, Deus e Jesus são unos e esperam com todos os homens, no amor e compaixão, uma unidade mansa. “Por haver um único pão, nós, que somos muitos, somos um só corpo, pois todos participamos de um único pão.” (Coríntios 10:17). Fugindo da psicologia, da religião e da filosofia, se nos reportarmos a física quântica, mais do que nunca somos uma fragmentação (ondas e partículas) que encontra completude pela solidificação. O importante é que estejamos completos, ou na busca da completude, pois não existe paz, felicidade e bonança na fragmentação. A fragmentação é sempre ansiedade, inconstância, dor, … A vida boa pede a completude em comunhão com o equilíbrio.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Carl Jung, Ernst Fischer, Georg Hegel, Anselm Grün, Scott Mandelker