“O amor é filho da compreensão” (Leonardo da Vinci)
Sem compreensão, dificilmente as relações se mantêm. E não importa que tipo de relação seja: amorosa; amizade; pais e filhos; professor e pupilos; médico e pacientes; técnico e seus atletas… Ou seja, em todas essas relações, a confiança e a compreensão são fundamentais. E, veja bem: compreender não significa, necessariamente, concordar. Longe disso! Posso compreender o outro mesmo sem concordar com ele, o que, aliás, acontece muito. Para mim, a compreensão é uma questão de empatia e de tolerância, e o mundo está precisando muito disso. Estes valores estão intimamente interligados entre si e permeiam toda a nossa vida, das mais diversas formas. Santo Agostinho diz que a compreensão é a recompensa da fé. Bonito, né? E Chico Xavier, em outra vertente da fé, fala que a caridade é amor e amor é compreensão. Viu só? Está tudo junto e misturado. É exatamente o que diz também Leonardo da Vinci… E, ao lado deste sentido profundo e filosófico, a compreensão aplica-se, também (e muito!) à vida cotidiana, à ciência e especialmente à matemática. Quando compreendemos o sentido das coisas, a “decoreba” passa a ser totalmente desnecessária. Afinal, tudo tem um sentido, uma origem, uma explicação. Compreendendo isso, simplesmente aprendemos. É assim que funciona. Essa é a magia da sala de aula… Até parece que estou me desviando do tema, mas não! Eu sou fã da escritora Clarice Lispector e, como tal, volta e meia estou lendo um conto, uma poesia ou uma crônica dela. Ela me emociona de várias maneiras. Fazendo este texto, lembrei de algo que li em uma de suas crônicas: “Quero que me dêem isto: não a explicação, mas a compreensão”. Posso pensar, também, em como a compreensão é importante neste setembro amarelo, dedicado à prevenção do suicídio. O assunto é bem delicado e envolto em muitos tabus e estigmas. A campanha tem como slogan “Falar é a melhor solução”. A proposta é falar sobre o assunto, como uma forma de compreender as pessoas que passam por essa angústia para tentar ajudá-las. Voltamos ao mesmo ponto: compreensão e empatia. A filósofa Hanna Arendt traduziu o dom da compreensão como a faculdade da percepção ou imaginação, como uma espécie de bússola interna que nos orienta no diálogo com a vida e o mundo. E, voltando à Clarice Lispector, juntando vida e ciência “Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente.”
Autoria: Marcia Siqueira
Autores citados: Leonardo da Vinci; Santo Agostinho; Chico Xavier; Clarice Lispector; Hanna Arendt