“Empatia não é sentir pelo outro, mas sentir com o outro. … não é ser herói, é ser amigo. é saber abraçar a alma.” (João Doederlein)
De repente, e não mais que de repente, o frio chegou mais cedo esse ano. Se é verdade que os números melhoraram em relação a pandemia, o mesmo não se pode dizer daqueles referentes a seu nefasto legado. Convivemos cada dia mais com um sem-número de pessoas desabrigadas vivendo ao léu. E isso sem falarmos naqueles que, tendo um lugar para morar não o fazem com um mínimo de dignidade. Essa triste situação atinge idosos e crianças, homens e mulheres, país a fora. Como não se ter empatia por quem além de todos os sofrimentos se encontra agora fustigado pelo frio. Como não buscar ajuda para tais pessoas. E quando falo em ajudar logo me vem a mente dois ícones da caridade Irmã Dulce (“Miséria é a falta de amor entre os homens.”) e Madre Teresa de Calcutá (“A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.”). Esse é tempo de caridade. Doe agasalhos, cobertores e alimentos. Há pessoas precisando serem aquecidas. Aquecidas por tais bens, mas aquecidas em suas almas por atos de amor e caridade. “A caridade é um exercício espiritual… Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma.” (Chico Xavier) Caridade é forma de servir ao próximo e um princípio básico a qualquer religião ou a quem, não tendo uma religião, está ungido pelo conceito de humanidade. Como ensina o Dalai Lama: “orar não é o mais importante. Importante é praticar a caridade e o amor, mesmo para uma pessoa que não seja religiosa”. Não se esconda sobre a justificativa de que não possuo nada para doar, pois, com pertinência, Santo Agostinho nos lembra que “aquele que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar”. Mas também não faça caridade por arrogância ou ostentação (“A verdadeira caridade só ocorre quando não há a noção de dar, de doador ou de doação.” Buda). Esse tipo de comportamento, típico a determinadas pessoas, que julgam com isso demonstrar serem boas quando querem ser vistas como bem-sucedidas, há muito foi questionado por Rousseau: “a fingida caridade do rico não passa, da sua parte, de mais um luxo; ele alimenta os pobres como cães e cavalos”. A caridade exige que haja respeito, honestidade, sinceridade, despretensão. Ela envolve um ato de empatia e não uma manifestação de poder ou uma justificativa de ganho. “A verdadeira caridade é impalpável como a luz e invisível como o perfume: dá o calor, dá o aroma, mas não se deixa tocar nem ver.” (Coelho Neto) Independente de religião, “fora da caridade não há salvação” (Kardec), seja para quem crê em Deus seja para quem prioriza o homem em substituição a qualquer divindade. No final ficam duas lições de duas mulheres iluminadas: “Quem tem mãos para servir, não tem tempo para fazer o mal.” (Irmã Dulce) e “O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.” (Madre Teresa de Calcutá). Não permita que o frio que chega seja ainda mais frio, pelo frio em seu coração.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: João Doederlein, Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier, Dalai Lama, Santo Agostinho, Buda, Rousseau, Coelho Neto, Allan Kardec