No dia 22 de Abril é comemorado a descoberta do Brasil pelos Portugueses. Quando criança, sempre me perguntava o motivo da celebração. Hoje, continuo com a mesma pergunta, mas com um olhar mais crítico sobre o assunto. Entendo que explorar novos espaços é importante, mas acredito que só em forma de curiosidade. Depois de um certo tempo deve-se ir embora, ou se gostar muito do lugar, se instalar e seguir a cultura local como forma de vida. E não foi isso que os Portugueses vieram fazer aqui. Primeiro, eles estavam perdidos, e segundo, eles se aproveitaram de um erro e se instalaram para saquear a terra desconhecida, e depois povoá-la. É por esse motivo que não entendo a comemoração. Se os indígenas, já habitantes dessa terra, continuassem vivendo em sua normalidade, esse continente, talvez, seria outro. Muitos me dizem que é importante evoluir e que esses povos ficariam para trás no processo de progresso. Eu sempre respondo que evolução depende do ponto de vista da população. Para os indígenas, que são muito mais conectados com a natureza, nós somos um povo menos evoluído. Isso porque, para eles, o que importa é a forma com que lidamos com a terra, com os animais e com a família. A tecnologia é, sem sombra de dúvidas, muito atraente e envolvente. Quem entra em contato acaba se viciando, se não for muito forte. A praticidade da vida moderna também o é. Por isso, hoje, muitos indígenas se renderam a essa forma de vida dita moderna, mas não quer dizer que essa atitude seja benéfica para o seu povo. De certo modo, não só os povos originários foram afetados com essa invasão na terra do Pau-brasil, pois todos os outros que se seguiram sofreram um pouco de influência da desordem que foi a construção dessa nação. Até hoje é difícil dizer qual é a cultura predominante nessa terra de ninguém. Temos uma multicultura, uma multietnia, e uma multi forma de lidar com as coisas, o típico jeitinho brasileiro. Penso que se eu fosse um indígena pediria o direito de não ser descoberto. Queria ficar quietinho no meu canto tomando o meu banho de rio pelado e em paz, comendo uma frutinha do pé e dançando com a galera da minha aldeia sob o efeito de uma bebida fermentada qualquer. tento seguir a risca uma prece indígena que uma vez eu li:“Ouvir com o coração e não com as orelhas.Sentir com o coração e não com as mãos.Ver com o coração e não com os olhos.Falar com o coração e não com a boca.Pensar com o coração e não com a mente.Ser único com tudo na Terra.”Dessa forma, sobre o meu ponto de vista da colonização, quero ser devolvido e dito como involuído, sem problema nenhum. Ainda dá tempo para isso?
Texto lindo,sensível…a prece devo levar como um mantra para todos os dias..obrigado @ Leonardo
Obrigado, Waldir, pelas palavras! O autor é que agradece. Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos