“Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.” (Cora Coralina)
Não sou muito saudosista, mas quando me perguntam que época do passado eu voltaria, com certeza, eu escolheria os anos de escola. Mesmo tendo sofrido bulling, praticamente todos os anos, ainda assim era um ambiente que eu gostava muito. Estudei em várias escolas e cada uma tinha sua peculiaridade. Logo no primeiro ano eu pedi para ir sozinho para a escola, já que era perto de casa. Desloquei o braço no balanço do pátio, disputando quem pulava mais alto. Na segunda série estudei na mesma escola que minhas tias e minha mãe estudaram. Contava isso para todos os coleguinhas. E foi onde tive minha primeira e única briga na escola. No terceiro ano fui para outra instituição de ensino que minha mãe tinha estudado. Era um casarão antigo adaptado para a função escolar. Adorava aquele estilo de arquitetura e imaginava os antigos moradores em suas roupas de época passeando pelos corredores. Lembro até hoje da sobremesa de doce de casca de tangerina. Nunca comi outro igual. Na quarta série fui estudar em uma escola que tinha educação musical e agrônoma. Gostava muito de mexer com a terra. Lá eu repeti pela primeira e única vez, questões de saúde. Parei de pular de escola em escola só no quinto ano. Onde passei meus melhores momentos da juventude. Tinha uma patotinha que bagunçava o CIEP Heitor dos Prazeres, em Pedra de Guaratiba, no Rio de Janeiro. Os professores que me inspiraram a fazer faculdade foram de lá. Fui representante de turma, participei do grêmio estudantil, chamei a polícia para um movimento de alunos que queriam tirar a diretora, hasteei a bandeira cantando o hino nacional, nunca participei do desfile cívico, mas treinava as meninas da baliza, e por aí vai. Agradeço imensamente por todos esses momentos que tive e fico ressentido por aqueles que nunca gostaram de suas escolas. Sei que a violência, a falta de acolhimento e estruturas básicas como ar condicionado, merenda, transporte público e material didático fazem com que a evasão escolar seja enorme no Brasil. Esse ambiente é um dos mais importantes para se construir cidadania e, mesmo assim, é o menos investido pelo poder público. Por que será? Medo de cidadãos mais conscientes com o poder de voto na mão? Só pode ser. Espero que um dia meu desejo utópico se realize, escolas decentes realizando ensino de qualidade para todos. Que assim seja!