“— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.” (Manuel Bandeira)
Este ano comemora-se o Centenário da Semana de Arte Moderna, também conhecida como Semana de 22. Apesar de não ter conhecimento profundo do movimento, tenho plena convicção de sua importância para a cultura nacional. Afinal, de uma forma bastante simplista e resumida, a Semana de 22 fomentou o desprendimento dos padrões europeus e a consolidação de uma arte genuinamente brasileira. Sou carioca, moradora de muitos anos do Recreio dos Bandeirantes e, aqui, posso, de plano, citar duas ruas que homenageiam figuras importantes do Movimento – Guiomar de Novaes, pianista, e Guilherme de Almeida, advogado, jornalista e poeta. Tenho certeza que muitas pessoas que transitam por essas ruas desconhecem não só os artistas, mas principalmente, a importância deles para a cultura brasileira. Todavia, para ser justa, são inúmeros nomes a serem reverenciados e lembrados nestas comemorações que se iniciam. Neste sentido, optei por escolher um poema de Manuel Bandeira, em razão da sua atualidade. – “O Bicho”:
“Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.”
Este poema foi escrito em 1947, retratando a miséria humana nos anos quarenta. Incrível, né? Parece que nada ou muito pouco mudou… Uma triste realidade! Mas, como se trata da Semana de Arte Moderna, me vem à mente, o genial Heitor Villa-Lobos. Compositor, maestro, violoncelista, pianista e violinista – tá bom para você? E, por isso mesmo, considerado pelos experts “A figura criativa mais significativa do Século XX, na música clássica brasileira”. Falando de Heitor Villa-Lobos, impossível não lembrar e “cantarolar” O Trenzinho do Caipira! Ah, tantos nomes memoráveis a homenagear neste Centenário da Semana de 22… Então, deixo aqui meu agradecimento a estes artistas maravilhosos, que tanto contribuíram para a cultura brasileira (e para a minha também!), lembrando, ainda, as maravilhosas pinturas de Anita Malfatti e Di Cavancanti e as esculturas de Victor Brecheret. Impossível não citar nominalmente também, dentre tantos outros, Oswald de Andrade e Mario de Andrade, cujas obras, confesso, tenho pouca intimidade… Por fim, faço um convite a todos para, dentro das limitações que a pandemia do Corona Vírus ainda nos impõe, prestigiar as comemorações, aproveitando para desfrutar deste momento tão marcante para a história do nosso país!
Autoria: Márcia Siqueira
Autores citados: Guiomar de Novaes; Guilherme de Almeida; Manuel Bandeira; Heitor Villa-Lobos; Anita Malfatti; Di Cavalcanti; Victor Brecheret; Oswald de Andrade e Mario de Andrade.