“Saudade é um sentimento que, quando não cabe no coração, escorre pelos olhos” (Bob Marley)
A palavra saudade é um substantivo feminino, e não poderia ser diferente! Ela traz em si uma emoção, um sentimento difícil de se descrever ou definir. E cada um tem seu próprio jeito de senti-la e externa-la. Eu estou com Bob Marley – quando sinto saudade, eu choro. E a saudade pode ser de pessoas, coisas, momentos, amores, viagens, experimentados ou não! O nosso saudoso poeta e escritor Carlos Drummond de Andrade, sabiamente, dizia “Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante”. Estranho, né? Sentir saudade de algo que não tivemos ou que nem conhecemos! Mas esta é a magia da saudade… E talvez, por isto mesmo, tenha sido tão cantada e recitada em verso, prosa, rock, sertanejo … em todas as línguas do mundo, apesar de dizerem por aí ser uma palavra que só existe na língua portuguesa. Para mim, uma das mais lindas canções que fala sobre saudade foi composta por Marisa Monte, que lindamente deu vida a esta música – A Sua: “… tô com sintomas de saudade, tô pensando em você, como te quero tanto bem…” Eu já disse aqui uma vez (ou mais) que não me considero uma pessoa saudosista, mas a saudade me bate muito mais de pessoas do que de coisas. Quando se trata apenas de uma questão de distância, não tenho dúvida, pego o celular e ligo ou faço uma vídeo call…Mas tem a saudade daqueles que se foram e esta é bem mais difícil de lidar. Tenho pessoas muito especiais que passaram pela minha vida, algumas de forma muito rápida, outras nem tanto, mas que fizeram e ainda fazem toda a diferença! Elas estão sempre comigo, guardadas em meu coração, lembranças e mesmo no meu dia a dia. E não preciso, aqui, citar nomes porque, agora mesmo, estou pensando em todas elas e com isso, me vem, imediatamente, lágrimas de dor e saudade mas também, sorrisos de alegria e nostalgia. Obrigada a vocês que marcaram a minha vida e deixaram um pouquinho de vocês em mim. E tenho certeza que vocês também levaram um pouco de mim… Neste sentido, as palavras de Olavo Bilac são precisas – “Saudade: presença dos ausentes”. Acredito que a melhor forma de demonstrar meu apreço a essas pessoas incríveis, muito mais do que chorar (que também faço com uma certa frequência), é referendá-las na minha rotina, através de lembranças e eternizando-as através das histórias que vivemos. Aliás, abrindo aqui uma exceção ao meu dito de que “não preciso citar nomes”, faço aqui uma confidência: meus filhos perderam o pai muito cedo e eu, o amor da minha vida. A melhor forma que encontrei de mantê-lo vivo entre nós foi contando para eles, todos os dias, a nossa breve mas intensa história de amor, e todos os momentos que passamos juntos em família. Hoje, passados mais de vinte anos, continuamos fazendo isso, entre risos e lágrimas. E já que estou falando de saudade, saudade dos que se foram, vale lembrar que a vida é boa e é para ser vivida intensamente. Não deixe pra depois. Ame, sorria, diga para as pessoas o quanto elas são importantes para você. Esteja presente. E seja feliz, porque
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
(Samba da Bênção, de Vinicius de Moraes e Baden Powell)
Autoria: Márcia Siqueira
Autores citados: Bob Marley; Carlos Drummond de Andrade; Marisa Monte; Olavo Bilac; Vinicius de Moraes e Baden Powell