“Acreditar é monótono, duvidar é apaixonante, manter-se alerta: eis a vida.” (Oscar Wilde)
Duvidar é apaixonante porque nos faz pensar, refletir. Mas ouso discordar quanto a acreditar, que, para mim, não é algo monótono. Gosto de acreditar e ter algumas certezas nesta vida, porém, não muitas! Isso porque, enquanto duvido, questiono, e questionando, estou refletindo… Aliás, minha alma e minha mente são bastante inquietas, eu diria… Mas gosto que seja assim: me impede de me acomodar, ao mesmo tempo em que me ajuda a buscar novas perspectivas. E, no final das contas, refletindo, fico alerta! Neste Natal, um amigo muito, muito querido me presenteou com uma belíssima coleção de Clarice Lispector, em três volumes – Todas as cartas; Todos os contos e Todas as crônicas. Fiquei apaixonada, porque Clarice é uma escritora apaixonada e, ao mesmo tempo, apaixonante. A cada dia leio um pouco, me deliciando entre eles. Em um determinado momento, me deparei com a seguinte pérola: “Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” Maravilhoso, né? Mas, afinal, o que é liberdade? Certamente cada um de nós tem seu próprio conceito. Logo me deparei refletindo sobre o tema. Qual o significado de liberdade para mim? Quando penso em liberdade, me vem à mente: ousadia, livre arbítrio; aquela sensação de horizonte, sabe? Gosto da sensação de me sentir livre para pensar, formar e emitir minhas opiniões (e isso não quer dizer que eu não escute outras pessoas; ao contrário!), ir e vir (o que, infelizmente, sofreu sérias limitações com a pandemia), enfim, fazer minhas escolhas. E isso já é muito, né? Então, me coloco a pensar no que disse nossa querida escritora, ou melhor, o que quis dizer ela… Que sentimento seria este que nem nome tem? Essa é Clarice Lispector! E gosto de pensar que esse desejo não seria, necessariamente, algo extraordinário. Ao contrário! Pelo menos para mim, coisas simples me trazem muita alegria e prazer. Sou dessas… Estar com aqueles que amo e que fazem toda a diferença na minha vida e no meu dia a dia; um mergulho no mar; uma boa risada, filme com pipoca…, enfim, eu poderia encher várias páginas com os meus pequenos prazeres! E olha só que bacana: quanta reflexão trazida de um único pensamento lido. Aí está uma coisa que eu realmente gosto – quando um autor realmente me toca e me desafia a pensar… Ou que me faz viajar! Esta é a magia da leitura… E, imediatamente, outro pensamento me vem à cabeça: lê-se tão pouco no Brasil e pensa-se menos ainda. Triste realidade. Henry Ford diz que “pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele”. Eu gosto de pensar e viver o presente, refletindo sobre as escolhas que já fiz e buscando melhorar como pessoa, sempre. Esse é o meu objetivo. Passado e futuro me rondam, mas não me aprisionam. Me sinto livre assim! E, nesta hora, me vem à mente Machado de Assis: “O tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo”. Esse pensamento vale uma boa reflexão, vocês não acham?
Autoria: Márcia Siqueira
Autores citados: Oscar Wilde; Clarice Lispector; Henry Ford e Machado de Assis