Gilberto Dimenstein escolheu ser tema de sua última reportagem. É assim que descreve Os últimos melhores dias da minha vida: um relato autobiográfico sobre como enfrentou um grave câncer, narrando o processo a partir do olhar apurado dos mais de trinta anos de carreira no jornalismo. Anna Penido, no papel de ombudsman e parceira, esteve ao seu lado para produzir a obra a quatro mãos quando Gilberto já não tinha forças para fazer o trabalho sozinho. O livro ganhou ares de grande declaração de amor, mais uma das cumplicidades do casal. A partir de depoimentos, lembranças e rememorações, delicadamente ilustradas pelo artista plástico Paulo von Poser, Dimenstein reforça que seus últimos melhores dias não foram os únicos grandes momentos de sua vida: experimentou também inúmeras realizações profissionais, viagens, encontros, concertos inesquecíveis de música (uma de suas grandes paixões) e a alegria de ouvir o neto chamá-lo de vovô Gil pela primeira vez. Mas estes melhores dias vividos após a descoberta do câncer — no pâncreas, uma das formas mais agressivas da doença — foram os mais cúmplices, profundos e felizes. Para alguém que, em suas próprias palavras, “passou a vida toda desconectado, apavorado e ansioso”, a sensação de estar vivo e de poder compartilhar a vida com as pessoas que ama, agregando novo significado à existência, se compara ao momento em que a taturana se reconhece como borboleta.