Quando eu transmutar, não quero lágrimas,
Pois será só a matéria tomando nova forma.
Afinal, como nada é para sempre,
Também eu precisarei ser o novo,
Já sendo vencido o tempo para essa forma,
Agora conhecida.
Também não quero flores collhidas!
As prefiro nos vasos e canteiros, pois com elas
Aprendi parte da mutação que vivenciarei.
Vivenciar a morte!
Saber de sua necessidade e razão, e seguir em paz,
Sem medo, culpa, ânsia ou sofreguidão.
Os que ficam me saberão nos livros, nos textos, nas músicas,
Nas lembranças de momentos comuns, …
A vida eterna está na memória do outro
E, portanto, poderá ser boa ou ruim, conforme meu legado.
Também não quero velório,
Prefiro a doação de tudo o que possa ter uso,
O reaproveitamento dos órgãos por quem deles necessitar,
Pois isso também é vida eterna.
Quero ser cinza e voar – parte na montanha e parte no mar,
Onde meus olhos lacrimejaram de felicidade.
Irei em paz, na certeza de que tentei fazer o melhor, nesse curto tempo,
Mas ciente que não fui nem poderia ser perfeito;
Em paz, pois busquei ser melhor a cada dia,
Mesmo com falhas, tropeços, desencantos, …
Aprendi que viver é entender para morrer,
Pois não há nascimento nem morte –
Há a existência em determinada forma, por determinado período,
Por determinada condição.
E tudo mais terá passado! E virá o novo!
Autoria: Fernando Sá
Foto: flickr.com
SLR Jester
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