O belo Narciso, que se olha no lago,
E o tolo Ícaro – com sua solar queda,
São faces da mesma moeda.
O Pomo da Discórdia,
Que aquilatou Afrodite e Helena,
Atingiu em cheio Páris. Então,
Que venha a guerra!
Tudo é só vaidade!
O toque de Midas de Creta
Sorve da mesma taça
Que a pretensão de Tântalo.
Seria Xerxes sua concretização
Ou uma construção ilusória
Da esnobe postura helênica?
Desde a clássica era,
Quando deuses-humanizados,
Do alto Olimpo, puniam mortais,
O caminho era a loucura,
Que nela se iniciava.
A pretensão do ser inigualável,
Da onisciência e da onipotência,
Só destruição – da esfinge a Belerofonte.
Por quê?
Apesar de tantas lições,
Essa essência vazia de conteúdo
E que transborda na busca de lisonjas,
Segue pela História.
Se outros a arquitetura e o figurino,
A perdição é a mesma, pela loucura,
Destruição e perda.
Poder, controle, corrupção –
Mesmo na suposta misericordiosa religião, porém
Lá está ela presente.
Sempre ela. Sempre presente,
Ontem – hoje – amanhã.
Essa senhora que doma os homens,
Que os invade, penetra e controla,
Para, ao fim, rir de deboche.
Tão-somente ela se faz eterna.
O tempo passa, os homens perecem,
O poder se vai, e o dinheiro também.
Mas ela estará à espera dos próximos.
Podendo escolher diversos,
Na fila de tolos embevecidos,
Venham novos súditos, para regozijo inicial
(a se transmutar em sofrimento final).
Todavia, isso é só detalhe.
Afinal, tudo é só vaidade!
Autoria: Fernando Sá
Foto: pixabay.com
@gerdaltmannpixabay
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