“A intimidade pessoal demarca uma área privada que exige tolerância e respeito. …Nem tudo precisa ser revelado. Todo mundo deve cultivar um jardim secreto.” (Jacques Salomé)
Até que ponto devemos expor nossa intimidade? A partir de que momento se configura uma invasão de privacidade? Vivemos em uma era digital, onde inicialmente as redes sociais só recebiam mensagens de positividade e fotos de paisagens. Hoje, todos passam o dia postando toda a vida, do café da manhã ao chá antes de deitar, passando por fotos de pratos bonitos, corpos esculturais e “selfies” tomando a vacina. Nossa vida anda devassada em “posts”, “selfies” e vídeos, e nossa intimidade é dividida entre seguidores e compartilhamentos. O atual cenário nos priva do convívio, mas os “likes” convivem com nossa privacidade. Estranhos e conhecidos desfrutam da mesma intimidade que nossa família e amigos, porque é nas redes que nossa vida tem engajamento. Mas se engana quem vive nesse mundo, colocando toda sua energia em multiplicar somente a parte feliz da intimidade, enquanto, na única privacidade que lhe resta, aquela do quarto escuro, frio e solitário, onde as frustrações e o choro dominam a mente, não há “likes”, “views” ou compartilhamentos. A dor e a angústia são seus únicos seguidores, enquanto a família acha que é besteira, os amigos que é frescura, e os demais nunca saberão que, na sua vida, nem tudo pode ter um filtro para embelezar o cenário. Pegue sua dignidade, embale com sua intimidade, coloque no pedestal da privacidade, e procure se cuidar, digo por amizade. Seja feliz, viva sua mocidade. Mas nem tudo merece publicidade. Ostente, sem perder a humildade. Filme, dance, brinque, seja livre. Fotografe seu drink, ande pela cidade. Guarde para si algumas particularidades. Mantenha sua sanidade e, de verdade, saiba que na sua singularidade mora sua intimidade. Não precisa se privar das novidades, mas busque aumentar a sua privacidade!