“O movimento gera ação e a ação gera frutos.” (Leonardo Campos)
Na história da natureza, a terceirização sempre existiu. Alguém transfere um trabalho para o outro fazer e se beneficia disso. Na ecologia chamamos de mutualismo quando uma flôr fabrica o néctar para atrair a abelha e efetuar o seu cruzamento através da polinização. A abelha também sai ganhando levando a matéria prima do seu mel. Mas nem sempre isso é bonitinho assim! No comensalismo, uma espécie de borboleta azul, em fase de lagarta, costuma enganar determinadas formigas para cuidarem dela e a alimentar até estar satisfeita e ir para o casulo. E as formigas, coitadas, não ganham nada com essa história. O ser humano em sua conquista na evolução – espertalhão – observou isso e quis se apropriar do negócio. Começou a escravizar para não ter o seu suor envolvido nos seus ganhos e nem nos seus afazeres. Até aí tudo bem, se pensarmos na animalidade da pré-história. Somos animais e nos esquecemos disso às vezes! Só que nos desenvolvemos e passamos a entender nossos pensamentos e a conceber a conduta ética, ou deveríamos… Não precisamos mais desse recurso da escravidão. “A fraqueza e a escravidão nunca fizeram nada além de pessoas más.” (Jean-Jacques Rousseau) Podemos ser mutualistas nas trocas de afazeres. Eu te contrato pelo que não sei fazer, ou pelo que não estou disposto a fazer, e, em troca, te pago pelo serviço. Simples? Só que não! Continuamos a escravizar, e pior ainda, passamos a terceirizar tudo – do trabalho até as culpas e responsabilidades. Nossos problemas sempre têm outros culpados que não nós mesmos. Nossas culpas são redirecionadas a outrem. “O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros.” (Confúcio) Tem sempre um terceiro a quem cabe a solução ou a responsabilidade. Até os coitados dos Deuses ficam responsáveis o tempo todo pelas faltas de iniciativas “- Se Deus quiser!” Ele já deve estar de saco cheio de ter que resolver tudo. Os animais seguem seus instintos e estão sempre em equilíbrio. Podem ser terríveis em suas opções, mas é assim que são, sem o advento do princípio ético. É pura sobrevivência! Nós é que devemos usar desse artifício para melhorarmos nossas relações com a nossa espécie, com outras e com nós mesmos. Não podemos terceirizar nossas decisões e aguardar de braços cruzados que algo aconteça. O movimento gera ação e a ação gera frutos. Não é fácil amadurecer e passar a ter nossos próprios problemas e nossas próprias dores resolvidas por nós mesmos. Não somos ensinados pelos nossos pais, em todos os pormenores, como é a selva do coletivo humano! Só vivendo, para entender e sobreviver. Mas deveríamos carregar em nossa bagagem o que é certo e o que é errado e, mais, que somos os únicos responsáveis pelas nossas ações. “Todo o homem é culpado do bem que não fez.” (Voltaire) Seja! Faça! Aja! Delegue mas não transfira! Seja o autor da sua vida! Troque mas não abuse do outro! Compartilhe e veja que terceirizar nem sempre é a solução. Mas, não esqueça, a responsabilidade sempre será sua. Já disse o poeta: “É uma falta de responsabilidade esperarmos que alguém faça as coisas por nós.”. (John Lennon)