“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.” (Madre Teresa de Calcutá)

Temos um grupo de amigos, que muito ri, fala besteira, …, mas também filosofa e discorre sobre os mais diversos temas. É um grupo extremamente diverso, inclusive sob a ótica religiosa. Outro dia, falávamos sobre a questão da necessidade das religiões em manterem seus fiéis em condição de culpa. Sim! Culpa porque deveríamos rezar mais, culpa pois deveríamos nos dedicar mais, culpa porque falhamos em determinados preceitos, … Há um rosário mais de culpas que de orações. Isso é correto? “Todos os deveres humanos se encerram nestes dois pontos: resignação à vontade do Criador e caridade para com os nossos semelhantes.” (Alexander Pope) Podemos ter a noção de que fizemos um pouco, mas que fizemos! A religião está vinculada a servir ao próximo, aliás Jesus falou disso o tempo todo e mais, lembrou que cada um faz o quanto pode e, às vezes, o menos é mais. Basta lembrarmos da passagem da viúva que doa duas pequenas moedas de cobre com pouco valor (Marcos 12:41-44). O tamanho da ação não se determina pelo objeto, mas pelo que se pretende alcançar. E esse alcance, esse fim exige uma disponibilidade verdadeira sem as intenções do ego, e não por outro motivo. Como diz São Mateus: “Mas, quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará.”. Rousseau ensinava que “a fingida caridade do rico não passa, da sua parte de mais um luxo; ele alimenta os pobres como cães e cavalos”. A caridade não exige dispêndio econômico, não exige sofrimento físico, … A caridade está na palavra de atenção, no sorriso ao desvalido, no “bom dia” ao excluído, no apoio ao empreendedor, no reconhecimento de um bem feito pela outra pessoa, …  Não existe caridade mal feita porque se usou um meio ou outro. Existe a caridade. Chico Xavier ao dizer que “a caridade é um exercício espiritual… Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma.” está em diapasão com Allan Kardec, para quem “fora da caridade não há salvação”. Na chatice de hoje, vemos questionamento de doação a certas campanhas por serem conduzidas por um grupo ou outro. Besteira! Importa que você ajudou. “Aquele que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar.” (Santo Agostinho) Geralmente, aquele que faz esse tipo de colocação hostil à caridade é quem não faz caridade para ninguém, ou por vezes ajuda determinados líderes religiosos a enriquecer, na crença que, com isso, obterá seus “milagres desejados”. Isso não é caridade e sim barganha. O milagre da vida está em ser objeto de bem ao próximo. Faça caridade!  “Virtude sem caridade não passa de nome.” (Isaac Newton). E, vista a caridade deste modo, todos nós temos algo a dar. Um bem muito precioso, nos dias atuais, é o nosso tempo. Então, por que não doar um pouco do seu tempo para fazer algum tipo de caridade? Há tanto a fazer… Basta olhar ao seu redor. Não meça; não compare; não propague. Apenas faça! Valorize os pequenos atos. Faça o bem. Ajude a quem precisa, quando e como puder. Esse é o propósito. Ah, e não barganhe porque a verdadeira caridade vem do coração, sem segundas ou terceiras intenções. A melhor recompensa está em receber um sorriso de volta, um agradecimento (falado ou no olhar) ou, simplesmente, em ver o outro bem. Sigamos, portanto, o ensinamento de Jesus, fazendo o que podemos pelo próximo e pelo necessitado (muito ou pouco, não importa!), despidos de vaidade ou culpa, bem como o de Madre Teresa de Calcutá, religiosa católica ganhadora do Prêmio Nobel da Paz e da Ordem do Sorriso (dentre outros tantos!), que dedicou sua vida aos pobres e sabiamente dizia “As mãos que ajudam são mais sagradas do que os lábios que rezam”. E que assim seja!  

Autoria: Márcia Siqueira e Fernando Sá

Autores citados: Madre Teresa de Calcutá, Alexander Pope, São Marcos, São Mateus, Rousseau, Chico Xavier, Allan Kardec, Santo Agostinho, Isaac Newton 

Foto: pixabay.com 

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