“A Páscoa ou Pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé, Páscoa é amor.” (Albert Einstein)
Sempre que falamos em Páscoa lembramos da imolação de Cristo. Todavia, Cristo foi imolado na Páscoa, o que significa que a Páscoa já existia antes dele. Estamos falando aqui de PESSACH(passagem)– a Páscoa judaica, que remonta à libertação dos hebreus do cativeiro egípcio. A seca e a fome levaram os hebreus ao Egito, onde acabaram escravizados, sendo libertados por Deus mediante a atuação de Moisés. Para tanto, Deus enviou dez pragas ao Egito, sendo que a última (a morte dos primogênitos) só não atingiu quem atendeu a determinadas orientações (realização de uma cerimônia que envolveu o sacrifício de um cordeiro sadio, que foi assado e consumido com pão sem fermento e ervas amargas, sendo o resto queimado, e tendo sido marcados os umbrais das casas hebraicas com o sangue do cordeiro sacrificado). Essa foi a Festa de Pães Asmos(pães ázimos), que seguiu durante 7 dias, nos quais não se pôde comer qualquer alimento ou bebida fermentada.Assim se deu a primeira Páscoa em torno de 3500 anos atrás. A Pessach foi mantida como forma de agradecimento a Deus, mas também como um modo de ensinamento das crianças sobre o importante e decisivo momento de libertação do povo hebreu. Ela é comemorada pelos Judeusno dia 14 de “nissan”, na forma de seu calendário lunissolar.Voltando ao Pessach, essa comemoração em obediência à ordem de Javé – que se mantém tradicional – se inicia comoSêder (jantar familiar), atendendo um ritual (leitura do Hagadá – livro sobre a história de libertação dos hebreus, e consumo de alimentos específicos dentro de uma sequência). Os alimentos consumidos são, em regra: Matsá (pão sem fermento), pois os judeus, ao deixarem o Egito, precisavam levar pão mas não havia tempo para a fermentação; Vinho (vinho não fermentado); Zeroá (pedaço de osso com carne), simboliza o sacrifício; Maror ou Charezet, cujas amarguras simbolizam o tempo de escravidão; Charósset (pasta de maçã, uva e nozes) que simboliza a argamassa usada pelos judeus na confecção de tijolos; água salgada (usada no cozimento de batatas), simbolizando as lágrimas e o suor dos judeus escravizados; e Beitzá (ovo cozido), representando o luto pela destruição e a esperança pela recuperação do Templo de Salomão. Por vezes, os judeus utilizam no jantar também o Guelfite fish (bolinho de peixe coberto com cenoura). Uma tradição comum é o Afikoman: nela o matsá (pão sem fermento) é dividido em dois, e o maior pedaço é escondido, para, após o jantar, as crianças tentarem encontrá-lo e ganhar um prêmio. Há grande importância para os cristãos no conhecimento da Páscoa judaica, que nem sempre coincide em data com a Páscoa cristã. Por exemplo, o Sêder – tão relevante na história judaica – deve ser o dia em que ocorreu a Última Ceia, momento marcante da história e vida de Cristo. Esse dia importante da divisão do pão, da distribuição do alimento entre todos está presente para ambas as religiões invocando caridade, amor familiar, solidariedade. Da mesma forma a celebração da liberdade, a partir do sacrifício do cordeiro sadio e primogênito significa para ambos (judeus e cristão) a libertação. O diverso pode ser coincidente. É o diverso que gera o todo. Por isso é importante conhecer e não julgar – conhecer para não se ter preconceitos. Esse ano a Páscoa judaica foi nos dias 27 e 28 de março, e a Cristã será no dia 04 de abril. Não importa também essa diversidade. Feliz Páscoa, feliz libertação, a todos!