“A experiência é um troféu composto por todas as armas que nos feriram.” (Marcus Aurelius)
A ruptura trazida por Nietzsche com o niilismo, trouxe-nos aspectos positivos e negativos, como quase tudo, já que inexiste o propalado maniqueísmo. Tal ruptura envolveu das relações familiares à liberdade estética, mas também importou numa flexibilidade moral dentro da sociedade e da família. Seus discípulos, e destacamos aqui Heidegger, nos trouxeram o chamado mundo da técnica, onde a essência passa a estar no proceder, e não mais na origem ou no fim. Existe uma crítica à ontologia, pois a técnica e a ciência moderna seriam a metafísica em si. Essa digressão filosófica é importante, para que se entenda a mudança de papéis dos jovens e dos velhos na sociedade e as relações entre eles. Os judeus dizem que ”o ancião merece respeito não pelos cabelos brancos ou pela idade, mas pelas tarefas e empenhos, trabalhos e suores do caminho já percorrido na vida.” Essa é uma verdade religiosa mantida mesmo no cristianismo (“Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.” – Êxodo 20:10), que se origina de uma ruptura do judaísmo. A sociedade do niilismo trouxe uma visão de “eficiência” (mundo da técnica), que começou a tirar os velhos do altar e colocá-los no porão. Os velhos deixaram de ser um repositório de saber, de experiências e lições, para serem um custo (fazem pesar o sistema de saúde, a previdência,…) arcado pelos tributos pagos pelos jovens O avanço tecnológico, nem sempre acompanhado por sua velocidade procedimental, fez dos velhos indivíduos de segunda classe. Pondé trata com maestria do assunto. Poderíamos nos perguntar se isso é justo ou injusto? Talvez. Todavia, lembremos que, segundo Platão, “de todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de domar”. A falta de afetividade das novas gerações (indivíduos mimados, frustrados e egocêntricos) ajudou a agravar ainda mais esse novo espaço dedicado aos velhos. Ademais, as crises econômicas antepõem velhos e jovens na luta pelas vagas de trabalho. Assim, ao negarem espaços de destaque aos velhos, os jovens, alienados da humildade e tomados pela arrogância, não lhes reconhecem nem o saber e nem a experiência, os estereotipando como párias na família e empecilhos na empresa. Tolos! Nelson Rodrigues lembra que “o jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência”. Alguns dirão que a experiência só vale para quem a viveu, mas ouso discordar. A experiência do outro são lições aprendidas, que nos servem de exemplo de como agir (sucessos) ou de como não agir (erros). Bismarck afirmava que o ser superior é aquele que aprende com os erros dos outros. Ter a experiência e o saber do velho e o vigor da juventude é o grande segredo. “Assim como gosto do jovem que tem dentro de si algo do velho, gosto do velho que tem dentro de si algo do jovem: quem segue essa norma poderá ser velho no corpo, mas na alma não o será jamais.” (Cícero) Como ensina a filosofia oriental, os opostos são duas partes do mesmo todo. Ser jovem ou velho são condições antagônicas, mas ambas são situações da vida. A velhice é o decorrer do tempo vivido e daí advém a experiência. Nas palavras de Camus: “Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela.” Mesmo no mundo profissional essa depreciação do velho é comum e antagônica. Ela é utilizada no ambiente das empresas, por vezes, com a visão turva da eficiência do “mundo da técnica” e, outras vezes, como um meio de manipulação ética para obtenção de resultados. E aí vale a ressalva do pai do niilismo: “Quando se toma a resolução de tapar os ouvidos mesmo aos mais válidos argumentos contrários, dá-se indícios de caráter forte. Embora isso também signifique eventualmente a vontade levada até a estupidez.” Velhos e jovens são complementares, portanto, o espaço deve ser compartilhado e não excludente. Luc Ferry fala dessa contrariedade da empresa capitalista, para quem o vigor do jovem é ruptura, mas o afastamento do velho é perda moral, gerando um antagonismo dentro do conservadorismo capitalista. A condição do jovem antes de tudo é se tornar velho, por força da natureza. Cabe ao velho, de forma resiliente, ensinar e ajudar, enquanto ao jovem humildemente aprender e dividir. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora Coralina) Somente assim, nessa relação simbiótica, voltaríamos ao conceito de equilíbrio e harmonia, o que seria bom para todos.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Marcus Aurelius, Nietzsche, Heidegger, Pondé, Platão, Nelson Rodrigues, Bismarck, Cícero, Camus, Ferry, Cora Coralina
Aprendo muito com os mais velhos! É a famosa frase : ” Se a juventude soubesse e a velhice pudesse ! ”
Acho que as Empresas cometem um grande erro, ao descartar os mais velhos em detrimento dos jovens !
Ambos deveriam se completar e aumentar a eficiência das mesmas!
Teorias são ótimas, mas as experiências as validam
Envelhecer é uma dádiva que não é dada a todos .Quantos partem cedo !
Acho que os mais velhos inspiram , assim como as crianças, uma ternura imensa! Nós dá a vontade de protege-los !
Nunca aceitei a ideia de colocar os pais num asilo ! Eles nos deram tanto de si ! Julgá-los por que ? Ninguém é perfeito , nem nós o somos !
Obrigada Fernando por abordar esse tema tão negligenciado atualmente!
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Envelhecer é uma dádiva que não é dada a todos .Quantos partem cedo !
Acho que os mais velhos inspiram , assim como as crianças, uma ternura imensa! Nós dá a vontade de protege-los !
Nunca aceitei a ideia de colocar os pais num asilo ! Eles nos deram tanto de si ! Julgá-los por que ? Ninguém é perfeito , nem nós o somos !
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Você tem toda razão, Maria! Podemos, todos, aprender uns com os outros! Obrigada por sua tão presente participação e continue nos seguindo.
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