DA ERA DOS PAPAGAIOS VIRTUAIS, … OU AS OFÉLIAS DAS REDES!
O homem não é tão ferido pelo que acontece, e sim por sua opinião sobre o que acontece.” (Michel de Montaigne)
Nunca se soube tanto sem se estudar como hoje! Essa não é uma assertiva positiva, mas um sinal de uma época de leviandades. Um dado é o registro do atributo de um ente, objeto ou fenômeno que tenha um significado em algum documento ou suporte físico ou fático. O processamento dos dados gera a informação. Exemplificativamente, você sabe que existe uma vacina, o que é um dado por si só. Ocorre que, o fabricante da vacina deu ciência ao mundo de que esta vacina tem uma determinada metodologia de fabricação, um efeito e eficiência específicos, uma forma de aplicação,… Ao tomar conhecimento disso, você passa a ter informação. A informação lhe garante saber genérico e superficial sobre o assunto. “- Eu quero dar uma opinião sobre a vacina!” Ferrou! Você tem, ou não, conhecimento técnico suficiente para opinar? A opinião está restrita a profissionais, que tenham formação técnica suficiente e capaz, e, por vezes, mediante testes e avaliações. “- Eu posso citar a opinião daquele profissional capacitado que opinou?” Sim! “- Mas, se eu não tenho conhecimento técnico e opino?” Você é leviano! A opinião emitida sem suporte técnico não passa de um achismo, e os achismos costumam ser levianos. Vale aqui duas lições: uma moderna, “Opinião é igual pedra preciosa: dura no tempo. Se não dura é porque não é opinião, mas achismo.” (Padre Fábio de Melo), e uma clássica, “Não devemos de forma alguma preocupar-nos com o que diz a maioria, mas apenas com a opinião dos que têm conhecimento do justo e do injusto, e com a própria verdade.” (Platão). Já se começa a perceber como as redes sociais estão inchadas de achismos e leviandades. Mas elas possuem também outro material: a mentira. Aprendia-se, quando criança, que mentir era errado. Hoje, ganha quem mente mais nas redes sociais! Ela tem até nome moderno: “Fakenews”! A mentira não é só um ato de caráter duvidoso, mas ela pode ter outras repercussões morais, jurídicas e sociais. Às vezes, elas são aleivosias. As mentiras permitem o crescimento do mal, e por isso Hitler dizia: “As grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa mentirinha.” Vejamos, uma mentira sobre o uso de um medicamento para determinado fim, que o mesmo não alcança, podendo ainda gerar efeitos colaterais. Sob a ótica moral você falta com a verdade e passa a merecer menos crédito ou confiança sobre tudo o que diz. Sob a ótica jurídica você, por não ter formação médica, pode responder por crimes como charlatanismo, exercício ilegal da medicina, … Além disso, sob o prisma sociológico você pode estar ajudando a difundir e fundamentar um falso conceito que expõe a vida das pessoas a risco. Mas, há aqueles que voluntariamente, dolosamente, espalham a mentira. Então fica a lição de Brecht: “Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso!” Além disso, vemos charges ou memes que podem caracterizar também crimes, por exemplo: crimes contra honra (indicação de que fulano não é bom, pois não doou algo), contra a formatação do Estado (indicação de que o STF deva ser dissolvido), … “– Mas eu só repasso, eu não crio tais informações!” Não cola! Você é igualmente responsável. Não faz mal que você seja só um papagaio digital: não cria, só reproduz falas. As responsabilidades são as mesmas ou um pouco minoradas, dependendo do caso. Uma pena que as redes sociais não deixem esse tipo de alerta aos usuários, pois eles estão se expondo, inclusive criminalmente, várias vezes ao dia. Ainda sobre as opiniões, não se trata somente de uma visão técnica fundamentada, as opiniões comportam sempre contraditório; portanto, a emissão das mesmas deveria ser objeto de profunda ponderação e avaliação. Como advogado, eu vejo absurdos dentro dos achismos ou mesmo em opiniões jurídicas publicadas. No primeiro caso, pura leviandade, ignorância e falta de bom senso. Por vezes, a besteira é tanta, que o “papagaio” cai em um ridículo risível. No segundo caso, profissionais técnicos, no caso advogados, correm o risco de terem seu valor profissional questionado, ou mesmo o nível de sua graduação e do curso onde se graduou. Cuidado! As redes sociais podem trazer riscos pessoais quando utilizadas de forma leviana. Você pode pagar um pato por ter somente reproduzido, repassado, reencaminhado, … Você pode colocar em risco sua imagem pessoal ou mesmo profissional. “Sei que a internet democratiza, dando acesso a todos para se expressar. Mas a democracia também libera a idiotia. Deviam inventar um “antispam” para bobagens.” (Arnaldo Jabor) Deveríamos resgatar um velho programa humorístico onde o personagem Fernandinho passava vergonha com as besteiras que sua esposa – Ofélia – falava, sempre complementando com o jargão: “- Eu só abro a boca quando tenho certeza!” Haja Ofélias nas redes sociais! Mas, sobretudo, lembre-se que não necessariamente vale aqui o velho dito popular: “Papagaio come milho e periquito leva a fama.”. Aqui, os papagaios podem acabar na gaiola.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Michel de Montaigne, Platão, Brecht, Padre Fábio de Mello, Arnaldo Jabor
Realmente, atualmente as redes sociais podem disseminar falsos conceitos, que levam o indivíduo a ter uma visão totalmente deturpada da verdade!
Como bem disse o autor do texto , é preciso ter conhecimento de fato, do que ocorre
Muitas pessoas tinham medo por exemplo, de se vacinar contra o Covid , baseado em falsos conhecimentos sobre a Ciência
Temos que absorver as informações usando todo o nosso raciocínio lógico, para não cairmos no ridículo
Muitas vezes caímos no erro pela pressa
Nesse caso, precisamos ter humildade, e Retificarmos nossa análise errada sob os fatos!
Realmente, atualmente as redes sociais podem disseminar falsos conceitos, que levam o indivíduo a ter uma visão totalmente deturpada da verdade!
Como bem disse o autor do texto , é preciso ter conhecimento de fato, do que ocorre
Muitas pessoas tinham medo por exemplo, de se vacinar contra o Covid , baseado em falsos conhecimentos sobre a Ciência
Temos que absorver as informações usando todo o nosso raciocínio lógico, para não cairmos no ridículo
Muitas vezes caímos no erro pela pressa
Nesse caso, precisamos ter humildade, e Retificarmos nossa análise errada sob os fatos!
Esse é um grande desafio, Maria: usar as redes sociais com responsabilidade…