“Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.” (Oscar Wilde)
Em uma conversa entre amigos um dia desses, um deles estava diante daquelas situações em que, invariavelmente, nos deparamos de vez em quando, com a mente cheia, envolta em indagações sobre o que seria certo ou errado, sobre o que seria mais ou menos danoso caso a verdade viesse à tona em um caso de traição. Para você, o que é mais importante: uma mentira agradável ou uma verdade desagradável? Eu prefiro a verdade! Por mais que às vezes a omissão aconteça, eu prefiro agir assim, verdadeiramente. Contudo, Tácito dizia que “a sinceridade e a generosidade, se não forem temperadas com moderação, conduzem infalivelmente à ruína”. Mas, e a omissão? Seria agradável ou desagradável? Talvez dependa do ponto de vista … ou do momento. Alguns preferem não saber, para se manter o status e/ou as convenções, a saber de algo e ter que tomar as providências pertinentes. Outros, ainda, querem saber de tudo, até do que não lhes diz respeito, só para opinar. E é aí que entra em questão a consciência. Fez algo de errado ou contra a confiança de alguém, ou só assaltou a geladeira de madrugada, atentando contra a própria saúde? Neste caso, a mentira é contra você mesmo, concorda? Assim, dependendo do ângulo em que se veja a situação ou mesmo da interpretação que se adote, uma omissão pode se tornar uma mentira? Santo Agostinho trata especificamente dessa possibilidade em seu ensaio “Sobre a Mentira”. Mas, voltando, por que não agir de acordo com o que você realmente acredita ser o certo? Agindo assim, estará sempre com a consciência limpa e poderá dormir com a cabeça tranquilamente no travesseiro. Reflito sobre as palavras de Rachel de Queiroz: “Gosto de palavras na cara. De frases que doem. De verdade ditas (benditas!). Sou prática em determinadas questões: ou você quer ou não.” Expor tudo de si ou contar tudo que lhe envolve significa ser verdadeiro? Não! Ficar contando e expondo tudo, só para alimentar a curiosidade alheia não é vantagem, verdade nem honestidade, mas sim exibicionismo. Querer levantar a “bandeira do honesto demais”, soa meio esquisito, fazendo desconfiar do que há debaixo do tapete…. “Falar muito de si pode ser um meio de se ocultar”, segundo Friedrich Nietzsche. Além disso, não banque o super sincero. Cuidado! Às vezes, a verdade dói, e dói mesmo, e tudo bem que ela precisa ser dita, mas isso não significa dizer que ela precisa ser socada na cara de alguém. Na lição de Lao-Tsé: “As palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras.” Neste caso, pode ser melhor se omitir no momento de impulso, e aguardar a calmaria, não somente para que a verdade seja dita, mas, em especial, para que seja bem compreendida. “Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.” (Umberto Eco) Eu, pessoalmente, acredito que tudo pode ser dito; a questão é como se diz… Ademais, se não for algo bom nem necessário, não diga nada. Sabedoria, compaixão e empatia para lidar com o próximo são fundamentais, mas raridades no dias de hoje. Pratique! Não minta! Como já diz o ditado popular: “mentira tem pernas curtas” e só vai te levar a um “loop” interminável. Haja corretamente, seja empático, pondere e seja agradável, sem desagraves. A verdade pode ser libertadora, mas não precisa ser cruel ou agressiva. Tudo depende da forma como você se posiciona e a coloca para terceiros, até porque, a verdade pode variar no tempo, no espaço e até mesmo entre pessoas… Temperança…, sempre necessária contra verdades gerais… “As verdades diferentes na aparência são como inúmeras folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore.” (Mahatma Gandhi) E que atire a primeira pedra aquele que se acha senhor da razão….
Autoria: Leonardo Campos, Fernando Sá, Márcia Siqueira e Adriana Abud,
Autores citados: Oscar Wilde, Tácito, Santo Agostinho, Friedrich Nietzsche, Lao-Tsé, Umberto Eco, Mahatma Gandhi