Eu tenho um pensamento particular a respeito do sentimento de culpa. Geralmente quem se culpa cria um sentimento de responsabilidade por algo que foge das suas possibilidades de resolução. Por exemplo, tem gente que se culpa por não ter dado atenção suficiente a um ente, que escolheu fazer alguma coisa errada, e não tê-lo ajudado, para que acontecesse tudo de outra forma. Resumindo, toma para si a responsabilidade pelo outro. Não podemos ser responsáveis por quem é capaz de resolver seus problemas sozinhos. Devemos fazer a nossa parte sem criarmos expectativas de que o outro irá fazer as coisas do nosso jeito. Podemos até ser responsáveis por quem não é capaz, por exemplo, com nossos pais, quando estiverem muito idosos. Mas nunca seremos responsáveis pelas decisões deles. Dessa forma, não devemos nos sentir culpados pelo estado financeiro, nem de saúde, que eles se encontrarem nesse momento da vida. De outra forma, vejo que muitas pessoas terceirizam suas responsabilidades e culpam outras pelos seus fracassos. Elas se veem sem culpa por suas ações e dormem tranquilas. Confúcio já dizia que o homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros. Acredito que a culpa só tem uma conotação ruim quando fazemos algo com a intenção de prejudicar, de alguma forma, alguém. Penso que podemos ser culpados por agir discordantes da lei, mas não vejo igualdade de quem rouba um celular para quem rouba uma lata de leite visando dar o sustento aos seus filhos. Seria esse pensamento uma reflexão de que a culpa pode ter graus diferentes? Longe de mim criar polêmicas. “Tortuoso é o caminho do homem carregado de culpa, mas reto, o proceder do honesto.” (Provérbios)