“Sentir ciúme dos bens alheios e inveja dos mais abençoados é, queridíssimos irmãos, visto por muitos como pecado leve e de pouca monta. Entretanto, este modo de pensar faz com que muitos não o temam; e, sem temê-lo, o desprezem; e, desprezando-o, não se esforcem para evitá-lo. E assim, como um mal silencioso e pernicioso, instala-se na alma, surpreendendo os incautos e passando despercebido, inclusive, aos olhos mais experientes. Esta foi a causa da perdição do próprio diabo, pois, dotado da majestade dos anjos, ao ver o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, concebeu contra o homem uma maligna inveja; porém, foi ele mesmo o primeiro a cair, antes mesmo de poder derrubar a outros”. SÃO CIPRIANO DE CARTAGO (210–258) nasceu em uma rica família pagã do norte da África. Converteu-se ao cristianismo aos 35 anos; tornou-se sacerdote, e em seguida foi eleito bispo por aclamação popular. Enfrentou uma época repleta de desafios evangelizadores e disciplinares; conhecido por sua fidelidade à Igreja, escreveu numerosos escritos teológicos. Em meio à perseguição iniciada pelo imperador Décio, foi denunciado e, recusando-se a tomar parte nas cerimônias pagãs, degolado. Constam, nas atas que relatam seu martírio, suas palavras ao saber de sua sentença de morte: “Graças a Deus!”.