Sempre ouvimos a expressão “uma mente sã num corpo são”, mas conhecemos sua origem, alcance e profundidade? Na verdade, a expressão latina é parte de uma sátira do poeta romano Juvenal. Ele diz que devemos orar para termos uma mente sã em um corpo são. Mas ele não pára por aí, ele fala também sobre outras aspirações que os homens deveriam ter, tais como coragem, disposição ao trabalho, negação da ira e da cobiça, bem como, atenção aos deveres acima dos prazeres. Juvenal termina por dizer que “certamente o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude”. Chegamos, pois, ao ponto chave: equilíbrio! Não devemos viver do medo nem sermos levianamente destemidos, não podemos ser “workaholics” nem ociosos, devemos encontrar o prazer após o cumprimento das obrigações, … Vários autores falam sobre o equilíbrio em suas obras, como o caminho para uma vida boa. Esse entendimento já estava em Sócrates, encontra-se em Anselm Grün, passando por São Bento, mas parece de difícil aprendizado pela maioria das pessoas. Equilíbrio se exige também na alimentação e no exercício físico. Uma alimentação desequilibrada traz doenças, tal qual exercícios físicos inadequados ou excessivos podem gerar lesões. Ademais, os exercícios e a alimentação devem gerar saúde, nos fazer saudáveis. Todavia, as pessoas ficam muito mais na questão da aparência que da saúde. Confúcio dia que não vira ninguém que amasse “a virtude tanto quanto a beleza do corpo”. Assim, muitas vezes as pessoas se entregam ao alimento e ao exercício físico pela opinião que precisam ter de si pelos outros e não pela necessidade que elas deveriam ter em si de estarem saudáveis. Consequentemente, às práticas saudáveis se somam drogas com efeitos colaterais perigosos quando não desconhecidos. Novallis ensina que só há um templo no mundo, qual seja o corpo humano, e finaliza lembrando que “nada é mais sagrado que essa forma sublime”. Parece claro que a busca deve estar na preservação com qualidade do corpo e não de algo que está determinado por uma percepção coletiva em um dado momento histórico. Lembremos que mulheres mais cheias era um padrão não Renascença e mulheres esqueléticas nos anos 90, a título de exemplificação. Novamente nos deparamos com situações de desequilíbrio, onde excessos dão a orientação de um padrão, aqui, especificamente, o corpo. “A beleza da mulher deve avaliar-se não pelas proporções do corpo, mas pelo efeito que estas produzem.” (Anne Lambert). Nutricionistas, nutrólogos e professores de educação física têm um grande papel na garantia da saúde, mas isso deve estar antes do corpo sarado para o verão. Quando a vaidade, no caminho do julgamento positivo de terceiros, prepondera sobre o nosso cuidado próprio não há mente sã, ainda que o corpo esteja são. Vemos hoje pessoas que vivem somente a ansiedade e o medo por eventualmente não atenderem padrões estéticos ditados por diversas motivações, mais frequentemente econômicas. “A ansiedade e o medo envenenam o corpo e o espírito.” (George Bernard Shaw) Precisamos fazer coisas certas por motivos certos. Parece simples, mas não é. Eu aprendi a duras penas que precisava encontrar esse equilíbrio não vida, que envolveu também um equilíbrio de alimentação e exercícios físicos, com o intuito de estar saudável física e mentalmente.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Juvenal, São Bento, Sócrates, Anselm Grun, Friedrich Novallis, Anne Lambert, George Bernard Shaw