“Minha vida é andar/ Por esse país/ Para ver se um dia/ Descanso feliz/ Guardando as recordações/ Das terras por onde passei/ Andando pelos sertões/ E dos amigos que lá deixei.” (Luiz Gonzaga)
Quando se fala em cultura nordestina logo surge à mente as comidas típicas, o rico artesanato, as áreas históricas, … Como fugir da literatura com Rachel de Queiroz, Catulo, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, João Ubaldo, e por aí vai. E quando se tratam de ritmos? Alguns são imediatamente citados, como Axé, Coco, Xaxado, Maracatu, Forró, … Mas a diversidade e riqueza do nordeste, na teia musical é maior. Como negar o rock com Raul Seixas, Pepeu Gomes e Pitty? E ele também tem seu lado clássico, ainda que pouco conhecido. Mesmo antes do denominado “barroco mineiro”, Luís Álvares Pinto, nascido em Pernambuco (1719), figurava como um teórico musical, mestre de capela e compositor. Há poucos registros de sua obra, valendo ressaltar as partituras “Te Deum Laudamus” e “Salve Regina”. Graças ao musicólogo Régis Duprat, foi descoberto na Bahia um Recitativo e ária datado de 1759, do período áureo do barroco europeu. Este é o documento musical mais antigo já encontrado com as características de obra setecentista com texto em vernáculo. O autor não se conhece. O Ceará brindou o mundo com Alberto Nepomuceno, estudante em Berlim, tocado por profunda admiração a Wagner. Nepomuceno é um marco. Ele sempre buscou um nacionalismo brasileiro, na sua dedicação à música instrumental para orquestra. E neste cenário ele mudou o rumo de suas obras, compondo música clássica influenciada pela música popular das ruas brasileiras. O escândalo final veio ao adicionar aos “stradivárius” das sinfônicas os atabaques, pandeiros e berimbaus. Por isso, às vezes, é denominado por “pai da música nacional”. Marlos Nobre representa Pernambuco como compositor, pianista e maestro. Membro da Academia Brasileira de Música, ela é ex-presidente do Conselho Internacional de Música da Unesco e foi o primeiro brasileiro diante da Royal Philharmonic Orchestra de Londres, a qual se acumulam a Filarmônica do Teatro Colón e as sinfônicas do México e de Havana, por ele conduzidas. Ele possui 246 obras editadas. Quando se fala em rica cultura nordestina precisamos sempre olhar mais fundo, pois esta riqueza é muito maior do que o imaginável. O Brasil precisa ter orgulho do Nordeste e se valer de toda a sua gama cultural no processo de diversidade e identificação cultural da nação brasileira.