“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.” (Coelho Neto)
O que somos hoje é o reflexo de comportamentos culturais construídos por nossos antepassados. E o futuro das próximas gerações será o reflexo das nossas ações no presente. Vejo muitos avós dizendo que eles foram feitos para estragar seus netos. Essa mensagem que fica no inconsciente da criança pode não ser benéfica. Os pais dizem que não pode, mas os avós, para agradar, e sem mais nenhuma responsabilidade pela criação da criança, dizem que pode, e pode tudo. Sêneca já dizia que a educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida, e isso vale para pais e avós. Dessa forma milhares de pessoas sem limites são inseridas na sociedade quando se tornam maiores de idade. Em uma rodinha de amigos é comum que se identifique aqueles que foram criados por suas avós. Será mesmo que quando nos tornamos mais velhos passamos a não ter mais a responsabilidade de educar nossos descendentes? Louis Bonald uma vez disse que a cultura forma sábios; a educação, homens, e homens aqui se refere a cidadãos civilizados. Ainda bem que isso não acontece em todas as famílias. Em algumas culturas se deve o respeito aos avós, e não somente aos avós, e sim, a todos os idosos. E a esses se deve a função de educação ao longo da vida. É a partir de suas narrativas que a memória e os costumes do seu país, da sua comunidade ou da sua família são passados de geração para geração. Um provérbio indiano diz que quando morre um idoso, perde-se uma biblioteca e ele está certo quando diz isso. Algumas ovelhas vão se desgarrar, que é natural, e outras vão perpetuar esses hábitos podendo incorporar novos ou não. E no final das contas, daqui há algumas décadas, seremos nós a passar o bastão e todo o nosso conhecimento para as novas gerações, sendo avós ou não. Por isso, mais respeito à sua história e aos seus antepassados. E toda vez que ouvir alguém dizendo que vai estragar o neto, diga a ele a responsabilidade dessas palavras.
Autoria: Leonardo Campos
Autores citados: Coelho Neto, Sêneca, Louis Bonald