“O pensamento é o ensaio da ação.” (Sigmund Freud)
Gostaria que todos os brasileiros tivessem o bom senso de tirar lições com a História. Bismarck, o unificador da Alemanha, falava que o homem superior aprende com os erros dos outros. A História é um celeiro de lições. Hitler não estudou a derrota napoleônica ao entrar na Rússia durante o inverno e cometeu o mesmo erro fatal. Dito isso, leia, então, as seguintes frases: “Se as forças de segurança continuarem a ser dominadas como agora por grupos políticos ou seitas, o povo não confiará nelas – e o resultado será uma guerra civil ou fragmentação do país.”, “Todos parecem estar presos em suas próprias filiações sectárias ou políticas. Eles não parecem ser capazes de se elevar acima dessas coisas.”, “As desculpas pelas ações de algumas tropas que, claro, não são representativas da maioria das forças armadas aqui, acho que teria sido útil e teria ajudado em certa medida.”, “Acho que as pessoas estão perdendo rapidamente a confiança na classe política, e não as culpo.”, e “Até e a menos que possamos dissolver essas milícias, este país não vai”. Talvez você pense que seja um analista falando do Brasil atual. Mas não é. Essas frases são de Adnan al-Pachachi. Ele foi um político e diplomata do Iraque. Foi representante do seu país na ONU por dois períodos e Ministro das Relações Exteriores. Em 1971 foi exilado. Vê-se que a análise conjuntural de Pachachi foi um vaticínio, e o Iraque acabou vivendo ditaduras, guerras civis e guerras externas, levando um país rico a uma condição absurda, nos dias atuais. Após 1971, ele foi exilado. Aquilo que Pachachi viu no seu Iraque é em muito parecido com o que vemos no Brasil de hoje. As forças armadas deixam seu papel constitucional para envolvimento político partidário, grupos religiosos extremistas adentram a política se envolvendo em situações de corrupção, sectários estabelecem a violência e a ameaça como ferramentas de terror, a população não confia nos políticos, as milícias são estimuladas por governantes inescrupulosos, … E a maioria dessas condutas indevidamente baseadas em uma interpretação oportunista e errônea do que seja a liberdade de pensamento. Seria importante aproveitarmos as lições de Pachachi, que não foram ouvidas pelos iraquianos, e tentarmos reverter os rumos do Brasil. Não rever essa situação é viver o risco de um caminho triste e doloroso como o vivido pelo Iraque. Não poderemos reclamar do que está por vir, se aceitarmos como normais a violência, o discurso de ódio, o sectarismo, …, que percebemos e vemos estimulados e apoiados por governantes brasileiros. Essa conta vai sair muito cara para todos, inclusive pela perda da liberdade de pensamento.