Um ano depois de lançar ‘O inverno da nossa desesperança’, John Steinck foi agraciado com o prêmio Nobel de Literatura em 1962. O reconhecimento da obra se deveu, em grande parte, ao trabalho apurado do escritor na construção dos personagens do livro. O eixo da história é a família Hawley, composta por Ethan, sua esposa (Mary) e seus filhos adolescentes (Allen e Ellen), que moram na fictícia cidade de New Bayton, na Nova Inglaterra. Ethan, descendente de navegadores que povoaram a área, trabalha em um mercado de um imigrante italiano, já que sua família, em alguns investimentos mal-sucedidos, perdera todo o capital acumulado ao longo dos anos. Em ‘O inverno da nossa desesperança’, o escritor explora a divisão da América em duas – a primeira, que preza a moral e os valores, tais como respeito e ética, e a segunda, na qual se encaixa a família Hawley, marcada pelo comportamento em que cada um luta por si. O livro descreve a deterioração da vida de Ethan que, ao denunciar o seu empregador – ilegal no país – ao serviço de imigração, acaba ficando com o mercado. A partir desse ponto, num esforço por compensar a falta de uma união familiar, Ethan passar a fazer de tudo para prover cada vez mais dinheiro, como se o conforto material fosse a solução para todos os problemas. O tom de desencanto da obra é pontuado pelo seu título, que faz referência à primeira frase da peça Ricardo III, de William Shakespeare, ‘O inverno da nossa desesperança (…)’. Steinbeck utiliza essa referência para acentuar o conflito interno em que Ethan se encontra, de infringir a sua moral para alcançar prestígio e a admiração da família.