A vida é constante mudança, o que nos exige posicionamentos, ações e escolhas, o tempo todo. Mas esses comportamentos estão diretamente ligados à nossa efetiva visão da realidade, para que haja mudança efetiva, real, possível; para que se viva verdadeiramente a vida. Um dos grandes problemas é que as pessoas criam ilusões e, mesmo quando a omissão é suprida por uma ação, não há resultado efetivo. Somam-se os casos em que nos defrontamos com comportamentos equivocados que, baseados em ilusão, em nada trazem de mudança ou de melhora para a pessoa; e a vida fica ali parada, embolorada, objeto de reclamação. Por exemplo, mudar de um lugar em razão de problemas que não são geográficos, na ilusão de que estarão resolvidos. Os problemas seguirão com a pessoa. Se iludir de que, tendo determinada condição, obterá o amor de alguém; no máximo terá um falso amor ou muito interesse. Supor que um lugar, por ser agradável ao viver de alguém, é garantia de que também o será para si; sua história difere da do outro assim como distintas são as ligações tempo e espaço. Na verdade, se não enfrentamos ou tratamos nossos problemas, eles tendem a nos acompanhar não importa onde estejamos. Como dito, o suposto amor condicionado a determinadas características (riqueza, benefícios, beleza, …) não é amor. Da mesma forma que o fato de que uma amigo viver bem em um determinado lugar não garante que sua mudança para lá acarretará igual sorte à sua pessoa. Mas, a pior de todas as ilusões está na crença de que as pessoas possam mudar porque você assim o deseja. As pessoas só mudam quando elas querem mudar. Canso de assistir situações onde a pessoa se envolve com alguém, marcado por um vício ou comportamento intolerável a ela, mas ela segue por achar que a pessoa irá deixar o vicio ou alterar seu comportamento em razão da relação. A pessoa só mudará se ela própria não mais quiser ter tal comportamento ou vício, e isso independe do relacionamento. A gente só dá conta da nossa própria vida ao encararmos a realidade. As ilusões atrasam as mudanças ou as afastam, gerando a mesmice daquilo de que reclamamos ou a que reputamos nossa infelicidade. Algumas pessoas até se iludem que, ao assumir o papel de vítima, conseguirão reverter a situação. Não conseguem. O segredo está sempre em se conhecer, analisar a realidade e agir. A ilusão é, na maioria das vezes, a mãe da frustração. Pense em quantas vezes você já se deparou com pessoas que na ilusão só pioraram as suas situações. Ilusão não é sonho; ela está mais próxima do delírio. O delírio também é a falta de percepção da realidade, que gera um sonho impossível de ser realizado. O problema não é sonhar, mas se iludir ou delirar. São coisas muito distintas. Como cantou Fernando Pessoa:“A ilusão, que me mantinha,Só no palco era rainha:Despiu-se, e o reino acabou.”