“… pluralidade humana é a paradoxal pluralidade dos seres singulares.” (Hannah Arendt)
A cada novo século, os primeiros 20 anos comportam momentos de ebulição que trazem mudanças sensíveis à sociedade. Nos dois últimos séculos tivemos, por exemplo, até pandemias. Existe como que um termômetro para mudanças sociais profundas, seja nos campos da economia, sociologia, artes, … Desta feita, começamos a perceber uma mudança na nova geração, já não só denominada “millennials”, mas também incluídas as gerações “Z” e “alpha”. Seus integrantes querem as comodidades sem ônus, por exemplo “transporte” sem possuir “carros”. Há busca de satisfação com liberdade. Essa modificação de visão, comportamento e conceito está sendo amplamente incorporada pelo capitalismo no seu processo de auto renovação para sobrevivência enquanto modelo econômico. Tudo isso tem alcançado também questões de sexualidade. Na reconhecida sociedade conservadora americana, pesquisa recente demonstra que, nessas novas gerações, 80% apoiam movimentos LGBTQIA+, bem como 60% se consideram gays ou bissexuais. Surpreendente? Não me parece. O processo individualista da sociedade só poderia conduzir na tentativa coletiva de reconhecimento das individualidades, rompendo situações que sempre existiram, mas eram objeto de omissão, punição, censura e reprovação, por ferramentas diversas (lei, falsa moral, puritanismo, religião, …). Como verdadeiro e lecionado por Caio Fernando Abreu: “depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro”. Voltando ao aspecto econômico, a nova visão trouxe uma mudança para a indústria do entretenimento, por exemplo. Aquela discussão sobre um eventual beijo no filme “Philadelphia” parece risível hoje. A indústria automobilística mudou, se valendo de propagandas envolvendo casais homoafetivos. Carros, mais que elementos de masculinidade e virilidade, foram ferramentas para os movimentos machistas por décadas. O protagonismo televisivo, político e empresarial por pessoas auto reconhecidas como homossexuais e bissexuais só espanta os desatualizados e conservadores, ou seja, aos optantes pelo preconceito, ódio e infelicidade. E essa onda em favor da diversidade não tem volta, este início de século fez dela um tsunami que a todos alcança. Dos partidos políticos até as corporações, há preocupação com políticas, práticas e programas, não mais contra homofobia, mas para atração e inclusão de pessoas do grupo LGBTQIA+. Essas pessoas além de capacidade, potencial, disposição e ânimo, possuem, em grande parte, alto poder de disponibilidade econômica. São atrativos de mercado é importante faixa do mercado ao mesmo tempo. Prova disso? Vejam as pesquisas sobre ganhos econômicos pelas indústrias do turismo, moda, festas e serviços em geral, levando em conta esse público. Grande parte dos novos empreendedores e proprietários de pequenos negócios, que geram a maioria dos empregos, são do grupo LGBTQIA+. Condomínios de luxo para moradia tem visto um aumento de casais e famílias homoafetivas que acabam tendo hoje sensível poder econômico. Não dá mais para fingir que essas pessoas não existem, que elas não são importantes ou que são um cancro social, sob pena de assinar-se um atestado de ignorância. Uma menina tem ensinado que “A diversidade promove a tolerância”. “Quando você não encontra pessoas diferentes, não percebe coisas, não percebe o quanto tem em comum com elas.” (Malala Yousafzai). São pessoas que trabalham, geram riqueza, pagam tributos, possuem virtudes e cometem erros como todos os demais seres humanos. E, acima de tudo, são cidadãos iguais perante a lei. E seres amados por Deus. “Está na hora dos pais ensinarem os jovens desde cedo que existe beleza e força na diversidade.” (Maya Angelou)