“Chocolate! Chocolate! Chocolate!/Eu só quero chocolate/Só quero chocolate” (Tim Maia)
Esse deleite, às vezes santo e às vezes maldito, deixa muita gente fora de si. Conheço gente que não passa um dia sem comer chocolate. Há casos de viciados em chocolate. Se perguntar a uma conhecida minha que fruta ela gosta mais, de pronto responde: “- Barra de chocolate!”. Tenho na sala uma bomboniere que é atacada pelos amigos e familiares a cada visita. Mas por que este alimento derivado da amêndoa fermentada e torrada do cacau faz tanto sucesso? Especula-se que o lar original do cacau são as florestas da região do rio Amazonas ou da região do Orinoco. Há informações de que mesmo de Maias e Astecas beberem chocolate nas celebrações religiosas como um produto sagrado (cacau torrado com especiarias e mel), a civilização Olmeca (México e Guatemala) já consumiam o chocolate em torno de 1500. Na época, as sementes de cacau eram misturadas a pimenta, milho fermentado e especiarias. Certamente era um sabor bem distinto dos dias atuais. Cristóvão Colombo conheceu as sementes de cacau quando de sua quarta viagem à América, mas não se interessou pelo produto. A comercialização das sementes veio com o comércio desenvolvido pelos conquistadores espanhóis, e, assim, o chocolate foi introduzido na Europa. E, curiosamente, só era consumido por mulheres, sacerdotes e nobres, em celebrações da Igreja Católica. Mas o chocolate ganhou mundo e, em 1700, as cafeterias de Londres viviam uma forte competitividade pela denominadas “Casas de Chocolate”. A revolução Industrial permite a produção em massa e barateamento do produto, quando o cacau vai ficando popular e surge a adição de outros ingredientes. A extração da gordura dos grãos de cacau (manteiga de cacau) se inicia no início do século XIX, com holandês Conrad van Houten. E em 1847, entram no mercado as barras de chocolate produzidas por Fry and Sons. Chocolate deixa de ser uma bebida e se torna um comestível, mas é na Suíça que surge a mistura consagrada de chocolate, leite e açúcar, como conhecemos nos dias atuais. Deixando de lado a história da deusa escandinava Ostara – representada com animais em sua volta, especialmente os coelhos (simbolizando a fecundidade) segurando um ovo na mão (símbolo do renascimento), a ligação do ovo com a Páscoa foi fruto de um ressignificado feito pelo cristianismo. Há uma analogia com a ressurreição de Jesus Cristo que, como a vida latente no ovo, despertou e ressuscitou para uma nova vida. Assim, surgiu a ideia de presentear os amigos e familiares com ovos de galinha ou pavão decorados ou envoltos em cera (Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra), após um longo período sem ingestão de carnes e laticínios (Quaresma). Foram os franceses que começaram a esvaziar os ovos e recheá-los com chocolate e, no século XIX, começou-se a produzi-los somente com chocolate, dando início à tradição que conhecemos hoje.