“A escola não transforma a realidade, mas pode ajudar a formar os sujeitos capazes de fazer a transformação, da sociedade, do mundo, de si mesmos…” (Paulo Freire)
Nesta semana, quando se comemora o “Dia da Escola”, temos muito pouco a celebrar. Existe um desafio enorme a ser enfrentado e vencido. Não basta dizer que a maioria das crianças estão matriculadas, mas sim fazer com que a escola leve informação e formação a todas as crianças. Sabiamente, neste ano, sob o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”, a Campanha da Fraternidade traz o tema “Fraternidade e Educação”. Não vou entrar aqui na crítica que tenho à Igreja Católica por mudar seu posicionamento passado de ajuda na educação às crianças mais pobres, se voltando para o ensino particular e lucrativo. Prefiro me ater à boa iniciativa desta campanha. Domingo passado, fiquei muito impressionado com uma homilia que comparava a representatividade da transfiguração de cristo com a transfiguração que a escola e educadores fazem às crianças, com o potencial não só de ensinar-lhes disciplinas, mas, principalmente, na formação de cidadãos de fato. E voltando ao lema da campanha, a palavra amor é o que mais me chama atenção. A escola tem de ser um lugar de amor, de ensinar o amor. A escola não pode ser um ringue de MMA. Há que existir o amor do aluno pela escola e educadores, dos educadores pelos alunos e sobretudo, o que vejo mais falho hoje, o amor dos pais pela importância quanto à educação dos filhos. Não vejo isso nas diversas classes sociais. A escola não é um repositório de crianças, para satisfação de pais sem tempo, paciência ou disponibilidade para pagamento de babás. A escola é muito mais. Por outro lado, o Poder público, enquanto não entender o papel da educação, nos manterá na rabeira do mundo. A escola é a porta do desenvolvimento. A prova disso é que mesmo tendo sido a 8ª economia do mundo, continuamos sendo um país medíocre sob os aspectos de garantias públicas à saúde, educação, saneamento básico, … PIB (Produto Interno Bruto) é um sinal de desenvolvimento, mas mentes subdesenvolvidas mantêm um país no subdesenvolvimento. Esse desafio com a educação se apresenta para toda a sociedade em conjunto e não pode ser empurrada como responsabilidade de um ator a outro. Quando Deleuze fala da estratificação social, ele não trata só dos ativos econômicos, mas também inclui os ativos intelectuais. Essa é uma lição brilhante, pois parte da segregação das classes está diretamente ligada à negativa ao saber e não somente à falta de disponibilidade econômica. Temos visto na sociedade atual que enriquecimento não traz saber, e por vezes ainda o afasta. É tempo de mudar, ou continuaremos parados no tempo.