QUARTA-FEIRA DE CINZAS. UM GOSTINHO DE QUERO MAIS…
“Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada,/Quem dera gritar”. (Chico Buarque)
Mais um carnaval chega ao fim. Outro carnaval diferente, dentro do novo normal imposto pela pandemia do corona-vírus. Pelo segundo ano consecutivo, não houve desfile das Escolas de Samba; os Blocos de Rua não saíram. O Cordão do Bola Preta não arrastou multidões ao som de “Quem não chora não mama, segura meu bem a chupeta. Lugar quente é na cama ou então no Bola Preta”. A freira Carmelita não pulou o muro do convento para brincar o carnaval. O pierrô apaixonado não encontrou a sua colombina. As deliciosas marchinhas de carnaval não ecoaram pelas ruas do Rio de Janeiro – pelo menos, não como nos anos passados… Faltou confete e serpentina. Mas era realmente preciso. Ainda é preciso. Então, a gente continua com aquele gostinho de quero mais, torcendo para que o ano que vem possa ser diferente, ou melhor, possa ser igual ao que era antes: os blocos na rua, baterias a todo vapor, as Escolas de Samba enchendo a Sapucaí de cores, brilho e som. Na verdade, ainda temos a promessa de desfile em abril…Tomara! E, pensando nisso tudo, me vem à cabeça Chico Buarque: