“É dia dois de fevereiro/Quando na beira da praia/Eu vou me abençoar.” (Paulo Pinheiro/Pedro Amorim)
E entre cantos e encantos, a rainha de mares, oceanos e rios desfila colares de pérolas, vestimenta azul e negros cabelos, quando é vista saindo das águas. Flores, espelhos, perfumes e bijuterias são presentes ofertados a esta deusa vaidosa, que, segundo a lenda, casou-se com Olofin-Oduduá com quem teve dez filhos que em orixás se tornaram.
“Mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante;
Olha o canto da sereia
Ialaó, oquê, ialoá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar…”
Assim cantaram Dionel, Veloso e Vicente, sobre essas águas que são dela. Olokum – seu pai – presenteou Iemanjá com uma poção, para que, quando precisasse, a usasse para se safar de perigos. Depois de seu segundo casamento, fugindo de seu marido, o rei Okerê, Iemanjá usou da poção. Assim, ela transformou-se em rio para desaguar no mar. Mas o rei Okerê, em uma tentativa de impedir sua esposa de fugir, transformou-se em montanha, pois acreditava que impediria, assim, o rio de seguir seu curso. Se valendo de seu filho Xangô, viu a montanha ser cortada por um raio e, assim, Iemanjá chegou ao oceano para ser a rainha dos mares. Essas águas fizeram dessa divindade africana uma divindade de apoio, acolhimento e devoção; a divindade do rio que deságua no mar. Nas religiões de matriz africana sabe-se que todos os homens que adentram mares e rios são seus protegidos, e Iemanjá decide seus destinos. Não importa se a chamam por Dandalunda, Marabô, Janaína, Princesa de Aiocá, Rainha do mar ou tantos outros nomes, todos pedem seu auxílio espiritual. Ela é o símbolo da energia geradora das forças da natureza, da fecundidade; é a mãe da vida. Como sereia, seu canto encanta pescadores e marujos. Estrelas e conchas do mar adornam o ouro e a prata que refletem no espelho sua beleza, força e magia. Lhe renderam homenagem Vinicius de Moraes e Baden Powell:
“A cantar, na maré que vai e na maré que vem
Do fim mais no fim do mar, bem mais além
Bem mais além do que o fim do mar, bem mais além
Iemanjá, Iemanjá
Iemanjá é dona Janaína que vem”
Mas também no sincretismo católico, ela está presente como Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Piedade,… Santa Virgem Maria. Protegei-nos Senhora, a nós que navegamos pelos oceanos da vida.
Autoria: Waldir José Machado
Autores citados: Paulo Pinheiro, Pedro Amorim, Dionel, Veloso, Vicente, Vinicius de Moraes e Baden Powell