Viver nesse grande pasto,
Onde mais se faz pelo hábito que pelo pensamento;
Esse lugar em que o público não é de todos,
Mas de ninguém.
Viver nessa savana,
Onde reinam cristãos sem empatia, que viram seus rostos,
Acreditando que assim se desfaz
O bicho homem comedor de detritos.
– Canta, Bandeira!
Pois nem sempre tua poesia me traz o riso de Rosa,
Ou o amor de Tereza,
E já nem sei se encontrarei Irene no céu.
Preciso da libertação que talvez não esteja no lirismo,
Pois este não se fez solução,
E me falta a coragem do afogamento
Sonoro, bêbado e rítmico de João Gostoso,
Cuja presença ainda é demandada na feira.
Mas, sobretudo, que me seja mantida a gratidão;
Gratidão pelo que tenho
e que deve ajudar a quem não tem.
Aprendi com os personagens de Bandeira
Sobre a realidade verdadeira,
E não aquela fictícia em que vivem tantos cegos,
Que acreditam e proclamam
Casa grande e senzala como modelo eterno.
– Foste o Bandeira que descerrava
O que a bandeira aqui esconde.
Autoria: Fernando Sá
Foto: flickr.com
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