O tempo passa de um modo diferente para cada pessoa, e por isso, acredito que a saudade é particular. Podemos sentir falta de coisas de um passado distante, assim como, de coisas que aconteceram ontem. “Aos olhos da saudade, como o mundo é pequeno” Charles Baudelaire. A mãe de um grande amigo, sempre que estamos indo embora da casa dela, fala que já está com saudade da gente. Essa é uma saudade prévia; a falta do que ainda vai fazer falta. Ela já sabe que no dia seguinte a casa vai estar vazia e sem todo aquele barulho de gargalhadas. E isso acontece com todo mundo. No dia seguinte de um chamego com o namorado é normal sentir falta. Aquele vazio que fica quando o filho vai dormir na casa do amiguinho, quando a esposa vai viajar a trabalho, quando um primo querido se muda para outro Estado … Nem sempre sentimos saudade só dos que morreram. A saudade é a presença dos ausentes, como diria Olavo Bilac. Eu, por exemplo, sinto uma enorme saudade do meu tempo de escola – dos professores, dos amigos, da hora da merenda e do vôlei no intervalo. Sinto falta dos amigos que se distanciaram e daqueles que não tenho tempo de ver. Clarice Lispector tem uma frase que gosto muito: “Sinto saudades de quem não me despedi direito, das coisas que deixei passar, de quem não tive, mas quis muito ter”. A saudade não é só para doer. Ela pode nos trazer felicidade se torcemos por aquele que está longe. Até porque sentir saudade é sinal de que gostamos da pessoa, dos momentos juntos e, se possível, quereríamos reviver cada minuto passado. Mário Quintana dizia que a saudade é o que faz as coisas pararem no tempo, por isso se permita sentir saudoso. Só não sofra por aqueles que se foram. O tempo lhe trará novas saudades.
Autoria: Leonardo Campos
Autores citados: Charles Baudelaire, Olavo Bilac, Clarice Lispector, Mario Quintana