COMPARTILHAR NÃO É SOMENTE DAR, DIVIDIR OU REPARTIR
“Amigo é aquele com o qual se pode compartilhar o silêncio… como se partilha a palavra.” (Clarice Lispector)
Aos meus olhos, a melhor definição para compartilharseria “dar algo de nós aos demais”. Não se trata, meramente, de dividir ou doar, mas tem que envolver algo que nos é caro e importante. Se dou um sapato que não quero mais, eu não compartilho. Mas se sento à mesa comunitária e disponibilizo minha comida aos demais, eu compartilho. Compartilhar implica também em ter prazer em repartir, e não simplesmente uma sensação de que me livrei do desnecessário ou cumpri minha “obrigação de caridade”. Nem sempre compartilhar significa dar ou disponibilizar algo, mas se apresenta por uma ação que traz crescimento para os compartilhadores. Por isso Zig Ziglar fala que “o maior bem que podemos fazer pelas pessoas não é compartilhar nossas riquezas com elas, mas mostrar-lhes suas próprias riquezas”. Quando ensinamos e aprendemos com o outro, estamos compartilhando. Talvez o melhor exemplo de compartilhamento devesse ser a aula, onde se compartilha o saber – dialeticamente se dá e se recebe. Sócrates era um mestre e por isso se entende quando ele diz: “O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar.”. Se ensina para aprender, se ensina com humildade, e daí sua outra frase: “Só sei que nada sei”. Lembro de um velho bilheteiro de barco em Cingapura, que me deu uma aula sobre a evolução daquele país a partir de sua vivência. Não importa quão simples ou simplório alguém seja, podemos com ele compartilhar. Assim, indubitavelmente, percebemos que o compartilhamento traz a reboque outros comportamentos como: empatia, desapego, senso comum, humildade, … Também o amor é parte do compartilhar, e vice-versa, e ensina Leo Buscaglia que “uma das mais seguras demonstrações de amor é compartilhar pensamentos e sentimentos”, pois amar é querer compreender o que a pessoa amada pensa, o que pensa de si mesma e do mundo em que vivemos. Mas compartilhar exige também que estejamos certos de nossos hábitos e comportamentos, pois não se compartilha o mal. O mal se impinge. Stephen King lembra que se você não consegue compartilhar seus hábitos é porque não deveria tê-los. E, aqui, caminhamos para a questão da amizade, pois ela não existe sem compartilhamento. Outro dia, fiz uma postagem em rede social falando um pouco disso. Afinal, consideração é uma forma de compartilhar respeito. As lições obtidas com os anos demonstram que relações pressupõem convivência, consideração, respeito, dedicação e cuidado, não como palavras ou discursos, mas como condutas e gestos efetivos. Não importam posições, condições ou títulos. Não importa o que se dá nem o que se recebe, mas sim o que se compartilha. De que me adiantaria acumular coisas se não as compartilhar? Por isso, onde existe avareza e egoísmo, não mora o compartilhamento. O compartilhamento exige verdade. Sean Wilhelm leciona que prefere escrever uma frase que ninguém entenda do que compartilhar sentimentos que não são dele. Por isso o perigo dos compartilhamentos em redes sociais e as escusas razões das “fakenews”. Não se trata de compartilhar, mas de espalhar a mentira. Para uma reflexão final, ficam as palavras de Roberto Shinyashiki: “A felicidade não é apenas ter ou alcançar, mas sim compartilhar. Estenda sua mão! Compartilhe, sorria e abrace.” Sua vida será bem mais plena.