Ser, ou estar, solteiro não é fácil. Pode até parecer, mas não é. Acredito que o ser humano precisa de companhia. Não só da família, dos amigos e colegas. Precisamos de afeto, carinho, sexo, beijo na boca… E para isso é preciso de um ficante, namorado ou marido. Pode até ser uma nova forma de relacionamento, mas sozinho, não! Antes da pandemia, e durante também, as formas de flerte sempre vinham acompanhadas de bares, baladas e “sociais” entre amigos. Uma troca de olhares, uma apresentação e cantadas engraçadas. Hoje, vários aplicativos de celular proporcionam encontros às cegas. Papos e mais papos e nada de “real”. E quando surge um encontro, no dia seguinte, um silêncio paira no ar por dias infindáveis. Digo sempre que esses contatos só aparecem em um dia aleatório de solidão, dizendo: Oi sumido! Já aconteceu com você? Pois, é. Se não aconteceu ainda, espere, vai chegar a sua vez. Nos sujeitamos a isso pois às vezes queremos uma companhia para o cinema, dividir a pipoca, receber um cafuné, dormir de conchinha… Mesmo que gostemos de ficar sozinhos, solteiros, sempre bate uma falta de dividir planos, imaginar uma viagem, fazer um encontro de casais… Tem-se sempre um contatinho que não sai da cabeça e nenhum dos dois dá o braço a torcer para a paixão. É uma eterna luta pela liberdade e independência contra a louca vontade de ficar com alguém. Queremos encontrar um amor com cara de amigo e amante, mas temos preguiça de construir isso com o tempo. Queremos agora, já! E desse jeito, vamos nos tornando pessoas seletivas, exigentes e intolerantes. Por vezes, esperando um príncipe encantado e, por outras, um lobo mal. E com isso, a frustração vai caminhando lado a lado com cada encontro. Digo isso pois passo por essa experiência atualmente. Gosto de ficar sozinho, mas não quero ficar sozinho para sempre. As experiências, anteriores e atuais, me fazem ficar mais atento aos golpes do coração, mas não quero que isso me impeça de abrir espaço a novas relações. Me vejo andando em círculos e sendo incoerente. E quem nunca foi assim?! Luis Fernando Veríssimo diz que a paixão queima e o amor enlouquece. Então, o que precisamos é nos queimar com mais frequência e enlouquecer de verdade. Quem sabe assim consigamos nos livrar dessas amarras da solteirice.