FAMÍLIA É MUITO MAIS DO QUE UMA CONDIÇÃO DE CONSANGUINIDADE
“Família não é só aquela em que nascemos; são também aquelas que escolhemos” (Márcia Siqueira)
Família. Aí está um conceito que, inegavelmente, vem se transmutando com o tempo. Aquela “velha” família formada por mamãe, papai e filhos, há muito deixou de ser uma verdade (ou conceito) único e estático. Graças a Deus! Vivemos novos tempos. Você pode até não gostar, mas tem que respeitar! São as escolhas de cada um. É o chamado livre arbítrio. Somos o que somos e, em especial, o que escolhemos ser! E assim vem caminhando a humanidade… Assim, temos a família consanguínea; aquela em que nascemos – e esta, sim, nos é imposta, gostemos ou não. E, para esta, penso do seguinte modo: ok, nasci aqui, então vou procurar conviver com ela da melhor forma possível… Afinal, nada nesta vida é 100% bom ou 100% ruim. Eu, particularmente, tenho uma filosofia de vida: me apegar e valorizar o que é bom. Não sou negacionista (de jeito nenhum!), mas acho que não vale a pena ficar arrastando corrente por aí… E olha que eu não tenho o que reclamar da minha família… Mas, como eu dizia… família, além da consanguínea, é também aquela que escolhemos ter! E, neste caso, vale tudo, pois, afinal, o que une uma família é o amor, e este sentimento, meus queridos, se manifesta de infinitas maneiras… Não é à toa que William Shakespeare dizia “Amigos são a família que nos permitiram escolher”. Perfeito! Amigos, muitas das vezes, são mais presentes e valiosos do que nossa própria família… Eu tenho amigos que escolhi para serem meus irmãos de vida e que eu amo de todo coração. Assim como amo muito (além da compreensão) também a família que formei com o homem que escolhi para ser o pai de dois filhos maravilhosos que tivemos juntos. E essa família já se transformou: perdeu e ganhou novos membros, mas isso é uma outra história… Então, voltando ao amor e ao livre arbítrio, família é, também, aquela ou aquelas que escolhemos para nós, podendo ser constituída por amigos (esses tesouros raros), relações homoafetivas, filhos consanguíneos e afetivos, pets … Enfim, toda forma de amor vale a pena e constitui, sim, família. Citando Leon Tolstói “A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família”. Vale lembrar, também, que nenhuma família é perfeita e, mesmo aquelas que escolhemos, vem com brigas, desentendimentos, confusões, fofocas… É como A Grande Família, cantada por Dudu Nobre e eternizada no programa de TV de mesmo nome. Tudo isso faz parte e, mesmo assim, se ao final, decidimos ainda estar juntos, é porque vale a pena e o amor supera as dificuldades. Romântica eu? Imagina… Mas, o que eu acho muito importante é que, apesar da resistência de alguns extremistas defensores do tradicionalismo, a sociedade vem se adaptando a esses novos tempos e o Direito vem buscando legitimar e proteger essas outras formas de amor e união. O Direito e as leis devem ser iguais para todos. Como advogada, acredito e luto por isso. Como pessoa, também! Assim, para finalizar, buscando um conceito de família que abarque todas essas situações e num sentido muito mais amplo e democrático, me valho de Sêneca “A natureza nos uniu em uma imensa família e devemos viver nossas vidas unidos, ajudando uns aos outros”.
Autora: Márcia Siqueira
Autores citados: William Shakespeare, Leon Tolstói, Dudu Nobre e Sêneca