A liberdade da expressão sexual estava no auge.
Eu me descobria.
Homens e mulheres de todas etnias e de todas as formas.
Peles, cheiros, líquidos e sabores.
Tudo era intenso.
E intenso veio o susto.
Amigos e conhecidos morrendo.
Definhando.
O prazer se tornou proibido.
Uma geração camisa de vênus nasceu sem saber o que era isso.
A doença tinha uma forma: pele e ossos.
Hoje, se vive bem, obrigado.
Mas ainda sim meu sangue e meu líquido são negados.
Mesmo com cuidado e sendo indetectável.
Convivo e resisto.
Perco menos pessoas do que antes.
Informação é vida, mas, quem quer se informar?
Morrerei um dia, de outra coisa. Não mais disto.
E agora?
É só viver normal?
Não.
Estigmas me perseguem e ferem mais que qualquer doença.
Mas se sobrevivi até agora, o que são palavras quando o sangue é mais forte?
Autoria: Leonardo Campos
Foto: pixabay.com
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