“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora Coralina)
Quando eu era mais novo, e isso já foi a muito tempo atrás, me perguntavam o que eu seria quando crescesse. Naquela época, só tinha uma resposta: Sexólogo. Com o passar do tempo minha escolha mudou, pelo menos por enquanto. No ensino médio, tive grandes mestres. Lembro de esconder o cigarro da minha professora de Biologia, trocar boas ideias com a de Português, mas a melhor de todas era a de História. Ela sentava na mesa, cruzava as pernas e me levava a altas viagens. Ela se tornou meu exemplo de educador. A partir daí, decidi me tornar um professor também. Meu primeiro vestibular foi para Educação Física na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Não passei. Minha base escolar, em escola pública, ficou me devendo alguns pontos em Física, Química e Matemática – exatamente matérias específicas para o meu curso. Dei um tempo nos estudos para trabalhar, mas sem tirar da cabeça esse sonho. Nos meus empregos sempre era escolhido, por meus superiores, para treinar os novatos. Via aquilo como um sinal de que tinha feito a escolha certa pela docência. Já com um pouco mais de idade, 31 anos, decidi largar o comércio para me dedicar inteiramente a um novo propósito. Me inscrevi em uma faculdade particular para cursar licenciatura em Ciências Biológicas. Quase tive um orgasmo na minha primeira aula. Amei o curso do início ao fim. Fiz de alguns professores amigos, fiz de estágios experiências únicas de aprendizagem e a cada momento tive a certeza de que era aquilo que eu queria para a vida. Frequentei até um cursinho de férias de Educação Sexual, só para matar a vontade de estudar Sexologia. Só que ao me formar, e cair na fila dos formados e desempregados, vi a triste realidade do mercado de trabalho. Bati na porta de escolas, cursinhos, prestei concursos e nada deu certo. Não desanimei e fui dar aula particular e ser voluntário em um pré-vestibular comunitário. Só que para ter estabilidade financeira, voltei ao comércio logo após me formar e não ter sucesso na busca de inserção na profissão. Fui feliz até o início da pandemia. Bolei um plano B nesse tempo para unir o que eu gosto com o que já sabia. Decidi voltar a estudar e me inscrevi em uma pós-graduação em Terapias Naturais Complementares. E adivinha? Posso planejar aulas de promoção à saúde. Ser professor, em um país como o Brasil, não é fácil. Falta incentivo, plano de carreira, motivação e reconhecimento. Mas quando a profissão é um chamado, sempre se dá um jeitinho para não se entregar e continuar semeando conhecimento. E pensando assim, vou continuar minha jornada. Quem sabe não entro em uma segunda graduação: Psicologia da Sexualidade!